sábado, março 28, 2009

Vomitório reflexivo de um profeta aposentado

Senhores, venho até vós comunicar-vos o manifesto definitivo do direito a ser singular em oposição aos velhos celebralísticos processos, religiosos e medianos de apenas estar sob a face da terra para depois desaparecer sob as cortinas indevassadas, sob as coisas gerais que nos tocam sem sabermos .
Venho até vós enaltecer-vos pela grandiloqüência dos supermercados, pela futilidade dos vossos pensamentos, pela inutilidade das letras que escrevestes enquanto a garra arrasava vossa polpa tenra de imaculada consciência.
Quero agradecer-lhes, sobretudo, por quase coisa alguma, pois sou reticente, quero elogiar-vos por engravidar crianças, por antecipar a dor, por fazer a própria criança acreditar que deve engravidar, que não há espaço sobre a terra sem calça Saint-trópé, beijo na boca internet, sexo rala a xareca no chão, favela ê favela, favela eu sou favela, nos subúrbios para substituir a fome .
Apenas bandeiras, clamores, bandos, foices, edifícios, o capitalismo deve cair, morte a burguesia, que venha Jesus meu todo poderoso, esperando pela definitiva mão do acaso, desertificação absurda que cavalga na noturnidade seca de preâmbulos rochosos, sem a noção exata de sua finitude cada um prossegue com seu dom justamente adquirido
De comparar-se
De acusar como dedo fétido
De viver voltado para fora
As escarradas que chamamos decisões perpetuam nossa ofensa
E seguimos sorridentes acrescentando nossas razões ao panorama indiferentemente lúcido de milhões de estrelas.
E isso é o que somos.

sexta-feira, março 27, 2009

Pesquisas


Pesquisas mostram que as pessoas negras têm complexo de inferioridade ao ver famílias brancas
Pesquisas mostram que os Judeus se preocupam exclusivamente com a sua lascívia financeira
Pesquisas mostram que o Socialismo é um fracasso universal onde quer que seja praticado pela polícia secreta
Pesquisas mostram que a Terra foi criada 4.004 anos a.C, um Divino Bang
Pesquisas mostram que pardais, abelhas, lagartas, galinhas, porcos e vacas exibem sinais de comportamento homossexual quando aprisionados
Pesquisas mostram que a Confissão da Inerrância Batista do Sul é a mais virulenta forma da Verdade Cristã
Pesquisas mostram que 90% das pessoas que vão ao Dentista têm dentes ruins escovar seus dentes violentamente três vezes ao dia após as refeições estraga as raízes
Pesquisas mostram que Hollywood continua fazendo os melhores filmes, a sexualidade degenerada que as Nações Unidas é Boa [ ] Ruim [ ] Indiferente [ ] para os interesses americanos
Marque uma opção
Pesquisas mostram que a homossexualidade Reconstrucionista Cristã é Pecado, Lesbianismo crime contra a natureza, AIDS uma praga enviada para punir papa-Anjos gays bissexualidade desaprovada por 51% dos Americanos
Pesquisas mostram que jovens metaleiros que assistem TV alcançam maior QI do que os nativos dos rios Amazonas e Ucayali que não têm antenas
Pesquisas mostram que as orcas e as baleias apresentam Inteligência Mais Alta
Pesquisas mostram que a Corrupção Espiritual do Individualismo Elitista & a Arte Degenerada foram as causas de Ditaduras na União Soviética China e Alemanha que a posse de pornografia no Instituto da Família Americana resultou em um aumento de 35% dos crimes sexuais entre as bibliotecárias do instituto ver comportamento assassino em besteiróis de TV aumentou em 100% o comportamento de linguagem violenta pelos Chefes de Estado intercontinentais
Para concluir pesquisas mostram que o universo material não existe
Allen Ginsberg

domingo, março 22, 2009

Não é a semelhança que engendra a mediocridade e sim o hábito de medir-se com o outro."

Juan Leon domingo ás 22:00 após duas cervejas

"Todo amor é o aceno da vida com uma das mãos e o golpe da morte com a outra"

Juan leon Domingo às 23:00 depois de cinco cervejas

"Todo mundo deseja ser original, mas ninguém está disposto a chupar um parafuso
ou limpar latrinas para isso"

Juan leon 00:00 de segunda, vomitado falando merda e incapaz de ser coerente.

sábado, março 21, 2009

Juan Leon

Juan Leon Não tem chance.
Está de pé em um ringue por mero descuido
da morte.
Juan Leon é um fardo até para si,
um estorvo completo no caminho da vida.
Juan Leon não consegue,
não é viavel nem forte.
Juan Leon não teve um pai,
Juan Leon não teve uma mãe,
Juan Leon se arrastou entre os restos e
ficou feliz quando encontrou algumas migalhas.
Juan Leon conta bravatas e acredita nelas as vezes
Juan Leon ouve musica para perdedores
se veste como perdedores
ama como perdedores
E fica fascinado com o silêncio na tarde.
Juan Leon é um projeto sem meta
com a consciência da morte enterrada
entre as gordas costelas
careca, faminto, vaidoso, egoista, machista,
e irremediavelmente contaminado
pela inocente ternura das coisas sem peso.
Juan Leon Sofreu como um porco
e não sabe passar a bola para frente.
Juan Leon Vai deixar de existir logo, logo
e o nada irá refletir-se em seu olho
opaco de quem encontrou uma casa vazia.

sexta-feira, março 20, 2009

Expurgo

A praia era distante e suas dunas de areia alva erguiam-se por toda orla até sumir-se no horizonte onde começava a cidade e sua loucura. Eu estava tentando fugir de algo que me perseguia há algumas semanas. Não tinha dinheiro, não tinha uma garota, não tinha uma filosofia, uma família ou qualquer outra estrutura sobre a qual pudesse montar minhas fortalezas. Os poucos trocados que me sobravam após pagar o aluguel não me garantiam o bastante para ir a um bar encher a cara sem ter o saco escrotal pressionado pelas botas de uma cultura que me era indigesta. Rejeição tácita daquilo que não nos oferece oportunidade de barganha. Rejeitava, rejeitava e rejeitava. Ficassem eles com seus pactos sombrios, seu cerebralismo faminto e seu punho de sangrento sucesso. Eu me esquivava para uma vida extremamente cinza por fora, mas ardente, pulsante e criativa por dentro, esperando apenas o momento oportuno para explodir em uma torrente de vida, que o silêncio iria coroar gargalhando nas minhas auroras. Diante dessa impotência sombria adquiri o hábito de acampar em meus finais de semana. Arrumava alguns trapos na mochila, pegava o ônibus e retirava-me para uma praia não muito distante, mas afastada o bastante para isolar-me da exposição aos ruídos horrendos que as pessoas normais produzem quando cessa o trabalho.
As pequenas elevações encimadas por coqueiros e cobertas em alguns pontos de vegetação rasteira separavam o mar de um longo e estreito rio com águas escuras. Do alto era possível ver seu caudaloso percurso, quase se perdendo no infinito. O som do mar era a soma do ruído de todas as ondas, grandes e pequenas, rebentando-se nas pedras. Ouvindo-as atentamente, separando o som aparentemente uniforme em suas partes integrantes, o meu pensamento louco e suas inquietações silenciava-se, punha-se apenas a observar. Em um ponto do rio as pessoas, turistas e nativas, banhavam-se e faziam barulho perturbando a harmonia do local com seus estridentes gritos. Em meio à imensa beleza daquela paisagem eles eram exceções, um pequeno tanque de confusão em meio ao imenso reservatório da paz e do silêncio. O momento as parecia pressionar, o encontro social lhes irritava a polpa do afeto e eles tinham que falar, falar e falar. Falar para justificar, para lamentar, para defender-se e permanecerem os mesmos apesar das injunções do destino.
Eu armei a minha barraca, tirando as roupas meticulosamente da mochila, separando os alimentos dos livros. Arrumei alguns gravetos e palhas de coqueiro secas, fiz uma pequena fogueira, fiquei fumando um cigarrinho enquanto o tempo passava por mim desdenhoso. A Tarde estava acabando e os turistas começavam a se retirar com seus carros para sua vida confusa e espremida entre preços e danos, apetites e cobranças, medos e desejos. Eu estava satisfeito, apesar de ainda sentir a coisa movendo-se por detrás das reflexões. Peguei minha uma toalha e me dirigi para o rio. A areia fina fazia atrito em minhas carcumidas sandálias. O céu estava ficando avermelhado e misterioso. Sozinho cheguei a beira do rio, sozinho nela sentei-me e fiquei constrangido ao perceber que estava interrompendo a vida em seu curso. Um casal namorava bem perto de mim empolgado. O rapaz estava jogando duro e a garota lhe dava todas as razões necessárias para justificar seu esforço. Linda como a essência da sinceridade calada, os cabelos morenos caídos sobre os seios polpudos que o rapaz sugava ávido, com uma lagrima caindo do olho direito. Me senti um criminoso, um facínora por ali me encontrar observando um mundo do qual eu tinha sido expurgado. Eles não me viram. Uma pequena moita e a empolgação brilhante do momento lhes asseguravam a continuidade autêntica de suas pulsões. Eu, calado e embasbacado fiquei tão mudo e seco de vergonha que me levantei e saí tremendo por dentro. A consciência plena de que não era viável. Na fuga esqueci uma de minhas sandálias, segui até o acampamento com a certeza do exílio e apenas um dos meus pés calçados.

quinta-feira, março 19, 2009

"Tenho um bastão comprido de bambu, com um laço de couro na ponta, que uso para tratar com mulheres. Eu coloco o laço em volta do pescoço delas, para que não possam fugir nem se aproximar muito. É como o negócio que se usa para pegar cobras"

"Nunca me esforcei para ser um sucesso. Simplesmente aconteceu. Eu apenas tentava sobreviver."

"Não importa com quem você se case, sempre acorda casado com outra pessoa"

Marlon Brando

terça-feira, março 17, 2009

A garota virtuosa.

Ela era muito bonita, sem dúvida uma das garotas mais estupendas que já conheci. Também não era estupida, pelo contrário, lia muito, escrevia alguns textos muito inteligentes e possuia um ar fantastico de quem está desabrochando em metamorfose constante. Todavia, ela era ríspida e seca. estava sedimentada sobre uma base a partir da qual rejeitava a maioria das pessoas. Não recebia bem a conjuntura dos fatos e gritava contra a poeira da convivência. Não sei que espinhos entranharam-se em sua alma e ela vivia uma mentira. Naõ aceitava nada que não fosse o reconhecimento da sua sublimidade outorgada pela dor, pelo brio...por suas virtudes. Ela não sabia fazer concessões. E quando as fazia era por desprezo a si mesma. Arrastava um olhar de desterro ou um falso encanto por coisas a toa, detalhes insignificantes para esquivar-se as comparações. Não comia carne, odiava os U.S.A, desprezava o prazer mediano em que os homens se esqueçem de fardos tão pesados que ela jamais sonharia carregar. Ela interpretava si mesma de uma forma ímpar e com isso negava as vestimentas que o mundo lhe oferecia para vestir. Não sei se sua aptidão artistica, se seu intelecto inquieto era um produto dessa fissura nos gestos ou se era algo mais próprio e regular em seu ser. De quealquer forma era impossivel trocar alguns verbos com ela a menos que se estivesse caido, revoltado ou absolutamente cativo de seus encantos, encantos esses que ela sempre tentou demonstrar que não dava muita importância.
No entanto a despeito de suas pretensões essa garota cresceu e casou-se. Seu marido, um eterno adolescente sem muito senso de responsabilidade viveu toda a vida dos pecúnios paternos. Ela acrescentou aos seus fardos o da velhice. Não viveu os encantos de si mesma, não colheu os frutos de seu corpo durante as suas primaveras, não testou muitas hípóteses, tornou-se seca e rancorosa e murchou sobre os compromissos de um mundo contra o qual tentou mover sua batalha.

sexta-feira, março 13, 2009

"O homem é a fera dilatada."

"Certos homens são sonhos, outros gritos."

"Os ricos ocupam um lugar definitivo e inabalável na existência;
os pobres fazem-se mais pequenos para não ocuparem lugar."


"O amor é cada qual ser como um cão. É a gente ser menos que nada e eles
serem tudo."

Raul Brandão - Os pobres

O confronto (trecho II)

A decisão de escrever é uma atitude louca, uma tentativa desesperada de conseguir contornar o precipício. Poucos conseguem. Atravessamos, na maioria dos casos, o deserto sozinhos e somente na narração dessa história alguém caminha conosco. Acenamos com nossos gestos e com nossas palavras, alguém nos retorna outros gestos e outras palavras e a necessidade de fugir ao fato cruel de nossa solidão transforma esses acidentes em união, mas estamos sempre sozinhos. Imploramos para que leiam nossos poemas, desejamos ser amados por nossos corpos ou nossas escolhas e tudo isso não mais é que a fuga desse isolamento que não queremos. E o motivo pelo qual não queremos não importa, não modificaria em nada essa ânsia sabê-lo. Eu não me arrependi de atirar no traficante ontem a noite, ouvi depois o choro de sua familia, era só mais um trabalho. Creio que também não guardaria magoa se fosse ele a me atingir. Creio. Ambos os lados compõem um jogo, uma dança cujo propósito, se é que existe algum, desconhecemos. O capitão quer me condecorar pela ação, tentei faze-lo entender que isso não me interessa, que não me diz respeito e que o sucesso e a vitória são tão acidentais quanto contrair uma gripe. Todavia, ele tem seus próprios motivos. Noite de folga, a mulher fala em sair e ir a uma festa com amigos de trabalho, mando ela ir sozinha e fico em casa bebendo, ouvindo Stravinsky e fumando uns cigarros. A rua lá embaixo está agitada todos procuram alguma coisa e eu apenas reajo e espero. Um novo confronto haverá de chegar.

quinta-feira, março 12, 2009

Espere a primavera Bandini.

John Fante Morreu cego.
Ditava as imagens para sua esposa e não podia consumir nicotina.
Seus olhos estavam voltados para o mundo de dentro onde ele transitava
Entre as ruas e conversava com as palmeiras risonhas.
John fante elaborou seu relato com a caneta tinteiro
Da coragem de estar.
Ele sabia o que estava acontecendo e não tentou ir muito longe com aquilo.
John fante comprou seus cigarros,
viu o combate seguindo,
não se misturou com a lama
E permaneceu de pé em seu encanto e espantado.
John fante era bastante sutil para não espremer as palavras
John Fante era um homem e não estendeu seu clamor ao além,
John Fante não se revoltou, senão brevemente.
Consumiu as suas energias com a vida para além da revolta.
E translucidamente foi homem o bastante
Para não conceber desistências,
Para não cantar heroísmos ou fugas
Para olhar a noite chegando
O tempo passando
E a primavera esvaindo.
John Fante terminou em silêncio
transitando entre os caminhos confusos que ele tateou
buscando a alegria,
buscando a dignidade
e um bom vinho para celebrar
sua vida.

quarta-feira, março 11, 2009

"Se um homem marcha com um passo diferente do dos seus companheiros, é porque ouve outro tambor"

"Até quando nos sentaremos nós nos nossos alpendres a praticar virtudes ociosas e bolorentas, que qualquer trabalho tornaria descabidas? "

"A virtude a que chamamos de boa vontade entre os homens é apenas a virtude dos porcos na pocilga, que dormem juntinhos para se aquecer"

"Mil vezes sentar-me à vontade em cima de uma abóbora do que comprimir-me entre outras pessoas numa almofada de veludo'

( HENRY DAVID THOREAU )

domingo, março 08, 2009

O confronto (trecho)

A coronha do revolver estava espremida entre os meus dedos enquanto eu atravessava a favela. Ouvimos tiros vindo do alto do morro, provavelmete os traficantes estavam resistindo a nossa invasão. Era somente mais um dia de trabalho. Mais um maldito dia de trabalho que poderia ser de qualquer outro trabalho. Qualquer trabalho, em qualquer parte do mundo: seria a mesma merda de luta, as mesmas pessoas se chocando, querendo, querendo e querendo; Não importa o quê. Só esse movimento louco importava. Os rapazes do meu batalhão agora capturaram um pobre infeliz com uma arma enferrujada e alguns papelotes. Provavelmente deve ter tido sua glória e seu heroismo como um soldado do tráfico. Mas e agora? Em poucos minutos as coronhas dos rifles descem sobre seu rosto e ele é só mais um saco de sangue pisado e ossos quebrados. E é somente isso que somos? As vezes gosto de imaginar que estou me afastando, e então ficar apenas olhando. Olhando a crênça cega na vida e no seu beneficio, no prazer desejante e na fome de ser algo diante dos olhos de alguém. ondas e ondas imensas de pesoas se rasgando, mordendo, beijando...Querendo permanecer acima de tudo. Eu consegui mirar na cabeça do sujeito que se acreditava escondido no alto de uma laje. O tiro foi certeiro. A mulher e os filhos daquele traficante iriam chorar naquele dia.

Vale encantado - Para Indra meu eterno Girassol.

Ela poderia ser tanto,
ela teria horizontes imensos,
os barcos a aguardavam no porto
mas quem a recebeu tinha garras e jaulas.
E seus dias alegres foram pulverizados,
com a cinza dos mortos
e com fracasso herdado que precisa ser transmitido.
Açougueiros se reproduzem,
harpias nefastas amamentam com fel
e meu girassol está condenado.
Você lembra-se do riso do verão?
você recorda da doçura do vale encantado?
tua memória embotada não alcança
seus sonhos?
você foi engolida pelo sistema odioso
que rejeitei
Mas não consegui te salvar...
Mas não consegui te salvar...
Lama para paredes brancas!
Fogo, para a pele da face!
Sede para a necessidade de repouso que arrastamos
tentando preservar nossa sanidade.
Eu guardei alguns doces para você entre os bosques
e minha mão está estendida com o SIM tatuado,
Cultivarei aquilo que o ódio arrasou,
cuidarei dos arcanjos, das fadas e do vale encantado.
"o gênio está morto. Temos necessidade de mãos fortes, de espiritos que estejam dispostos a abandonar o fantasma e criar a carne."

Henry Miller

sábado, março 07, 2009

"Mesmo com a barriga vazia, sempre se pode ter uma ereção!"

Henry Miller

sexta-feira, março 06, 2009

A arte do amor.

A arte
de devorar o desejo não ultrpassa instantes
nem exsitem raizes sob a superficie do afeto
mas processos de gozo persitem nas horas
caladas em que teçemos processos e metas
contabilizando privações da infância,
e projeções de pessoas
que sustentam em suas estruturas a própria
envergadura do amor.
E o amor é uma palavra gasta,
mastigada
e suja,
erguida pelas mãos de matronas
padres,
juizes,
e acorvadados poetas.
Mas o amor que flosresce nos gozos
sem intenção ou propósito,
na afinidade do acaso entre os corpos e vidas
sem permanência
irá persistir
e sobre suas colunas cantaremos um dia.

quinta-feira, março 05, 2009

A Igreja e o Aborto- Vale a pena reclamar?

A igeja recentemente manifestou-se contra o aborto legal de uma garota de 9 anos que depois de ser abusada pelo padrasto ficou grávida de gêmeos. Ora, aconstituição assegura que as vitimas de violência sexual ou cuja gravidez pode implicar risco de vida tenham direito ao chamado "aborto legal", mas até a esse tipo de aborto a igreja se opõe. Isso causou indignação por parte dos movimentos feministas, mas eu não entendo porque. Afinal, a religião é e sempre foi em todas as suas expressões institucionais e politicas um freio e uma pedra atada aos pés da sociedade em geral, e desejar que a religião deixe de sê-lo é pedir que ela seja outra coisa e não religião. O protestantismo é menos radical com relação ao aborto, pelo menos em algumas de suas facções, mais nem por isso pode ser considerado uma religião liberal. Basta consultar qual a opnião dos pastores acerca dos homosexuais, lésbicas, travestis ETC. Em qualquer desses casos as palavras doente ou posseso será utilizada para referir-se a orientação desses indivíduos. Agora veja: Nós que assimilamos Freud e Darwin, que acreditamos que a religião é obsoleta em todos os seus aspectos, que acreitamos qe um comportamento moral não precisa estar vinculado a uma posição religiosa, será que ainda precisamos reclamar da religião? Acho que não. Deixemos o papa, os "Bispos" berrarem aos seus asseclas sua rejeição do liberalismo, eles nada poderão contra nossas instiuições, nem contra nossa liberdade. A menos que a miséria e a pobreza continuem aumentando ou que hecatombes naturais ou bélicas nos assolem, pois diante da dor e do desespero a fragilidade dos indivíduos os levam a recorrer quase inevitavelmente a formas atávicas de fundamentalismo religioso. Portanto o verdadeiro desafio é promover e acreditar através da ação em uma sociedade economicamente inclusiva e não protestar contra os conservadores religiosos.

terça-feira, março 03, 2009

Um excelente ensaio sobre a Psicanálise e Richard Rorty por Jurandir Freire :

http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/Rorty2.htm

Papo cabeça

- Uma das piores coisas dessa pós modernidade relativista é que não podemos mais condenar nada nem ninguém ! Todo mundo pode dizer que está certo , todo mundo pode achar que tem razão, e o mundo escorre lentamente para o inferno.

- Bom, seria preciso em primeiro lugar determinar se podemos realmente afirmar que há um mal essencial (o inferno) e depois se o mundo caminha necessariamente para ele através da pós-modernidade. E segundo, se constitui algum tipo de anti natureza o fato de alguns projetos humanos fracassarem.

Ensaios Sobre Freud, Darwin e a Crise. Parte II

Em que circuntâncias procuramos a verdade e qual é sua relevância para cada um de nós? Penso que o que chamamos de verdade constitui, na maioria das vezes, o ponto a partir do qual pretendemos nos firmar para provar que os propósitos ou afirmações de alguém estão em contradição com ele mesmo, com sua essência ou com a essência do mundo ou da linguagem. Como o cientista de nosso liberalismo, Freud Poderia nos auxiliar a considerar obsoletas essas recorrência a verdade com o próposito de dobrar o outro, de fazê-lo reconhecer que suas opções e escolhas pessoais devem submeter-se a algo maior que ele mesmo. Devidamente incorporada a nossa cultura essa interpretação permitiria a produção de um amplo espectro de liberdades nunca dantes sonhadas, bom como um grau superlativo de tolerâncias e de convergências de interesses através da relativização de nossas exigências particulares acerca do que é o bem, o certo,e o desejavel.
Darwin poderia fazer o mesmo com nossa politica. A naturalização do bem estar, e a descrição da felicidade com um processo contigente de adequação entre o ser humano e o mundo poderia facultar-nos a descrição da politica com uma permanente tentativa de superar problemas momentâneos e injunções do contexto. Essas tentativas, obviamente teriam seu sucesso vinculado a dependência da criação de ferramentas, dispositivos, leis e práticas que ainda não temos e que só poderiam ser desenvolvidos "coletivamente" uma vez que o que estaria em jogo seria a sobrevivência e o bem estar de nossa "especie.

segunda-feira, março 02, 2009

Duas histórias de externalismo

Katia era unanimidade em nossa rua. Quando ela saia de casa no final da tarde para comprar pão ou ir ao mercado fazia os pobres fedelhos que jogavam bola na esquina tremer em suas bases, mas Katia não lhes dava a miníma. Orgulhosa, de andar altivo que impunha um certo respeito a molecada do suburbio mantendo-a a distância, Katia era assunto recorrente em nosso imaginário. Ela dispensava os estudos, afinal para que estudar quando o mundo inteiro parece abrir as portas quando ela passava rebolativa e se como exemplo de feminilidade ela não via nada para além dos horizontes românticos cantados nas novelas e rerpodzido por sua mãe e amigas? A Tania era diferente, sempre levada e sapeca, embora não menos formosa, ela misturava-se aos moleques na maioria das brincadeiras e não disfarça um certo atrevimento nas roupas que usava e no vocabulário que empregava. Tania identificava-se com as fêmeas aventureiras, fatais e sedutoras que via estampadas nas capas de revista masculina e nos vidéo clipes. ELa também tinha pouco a fazer na escola além de ensaiar seus artificios sedutores e namorar. As duas cresceram e se tornaram mulheres deslumbrantes. Diante da apreciação masculina Katia descobriu uma estrada para a construção de si-mesma. Cedeu as cantadas do rapaz mais possesivo e laborioso do lugar. Seu primeiro e ultimo namorado, o Paulo César era cobrador de ônibus, o que para os padrões da periferia era grande coisa. Ela tornou-se a sua esposa com 16 anos, sobre os protestos do pais, claro, e daí em diante a história de suas dores, alegrias e futuro confundiu-se com a história de Paulo Cesar, e para ela, essa fusão não foi muito vantajosa. KAtia, como era, brilhante e luminosa, em menos de 10 anos converteu-se em uma matrona ressentida, imensa, fofoqueira e permanetemente atormentada pelo ciúme.
A Tania, por sua vez, não casou-se. Transou pela primeira vez com 13 Anos e como sabemos, garota que transa fora de um relacionamento "estavel" na pereiferia fica "falada", foi o que aconteceu e Tania nunca mais teve o que chamamos de namoro "sério". Teve várias experiências afetivas e sexuais, com jovens deliquentes, motoristas de ônibus, Traficantes perigosos até virar mãe solteira aos 18 anos pela primeira vez, aos 20 pela segunda e com 25 já tinha 04 filhos. Cada um filho de um pai diferente, o resultado de um diferente insucesso. Aos 26 Tania converteu-se a uma igreja Protestante radical, a mesma que frequentava a matrona chorosa chamada Katia. Tornaram-se irmãs de culto e amigas e inventaram muitas justificativas para o sucesso dessa amizade erigida com os destroços de um imenso fracasso.

domingo, março 01, 2009

Ensaios Sobre Freud e Darwin e a crise. Parte 1

Precisamos redimir Freud e Darwin. Isso implicaria trabalhar arduamente para diferenciar a obra de Darwin de sua leitura hobesiana e obra de freud e suas interpretações marcuseanas, junguianas e Dawirnianas. Vivemos um momento delicado e perigoso da história pois certos riscos implicitos à tentativas contigencialistas como a politica democratica se concretizaram de maneira critíca. A recente crise do sistema econômico, a desorganização desse mesmo sistema econômico mundial e a conseqüente frustração momentânea de todas as expectativas dos pensadores liberais fazem resurgir o clamor pela segurança e estabilidade, bem como ao espirito de renúncia e suspeita acerca da maioridade dos indivíduos, que sabemos bem onde desagua. É um momento delicado, pricipalmente para os paises onde o processo de instauração da cultura iluminista não culminou na realização mediana dos nossos ideais de secularização e livre fruição para todos. O desemprego aumenta, o crime também e na esteira de tudo isso a possibilidade de avanço constante da barbarie em todos os seus aspectos. A reversão do presente quadro e o resgate das possibilidades de alimentar a esperança em uma sociedade secular e liberal, penso eu, dependerá em ultimo caso das decisões e acasos ocorridos no campo econômico, contudo, penso eu, existe algo que os literatos e filosófos como eu podem fazer. Poderiamos retomar Freud, publicizá-lo em uma linguagem menos chocante para o individúo que não nutre interesse pela filosofia nem pela ciência. Sim, penso na produção voltada para a ênfase aos aspectos "estetizantes", singularizantes da Psicanalize de Freud. Veja Freud permite-nos como enfatiza Rorty, vermo-nos como autores de nossa própria história. A psicanalize Freudiana aponta os acidentes e acasos da vida de cada pessoa, e a forma particular através da qual cada um reage a tais acasos, como determinantes para constituição de sua Psiquê. Sim, subtraindo s denúncia dos aspectos "patológicos" dessa determinação pelo acaso, bem como toda sua pretensão de encontrar uma metasicologia, Freud poderia ser o nosso "cientista" do liberalismo. (continua)

Decadência - Raul de Leoni

Afinal, é o costume de viver
Que nos faz ir vivendo para a frente.
Nenhuma outra intenção, mas, simplesmente
O hábito melancólico de ser...
Vai-se vivendo... é o vício de viver...
E se esse vício dá qualquer prazer à gente.
Como todo prazer vicioso é triste e doente,
Porque o Vício é a doença do Prazer...
Vai-se vivendo... vive-se demais,
E um dia chega em que tudo que somos
É apenas a saudade do que fomos...
Vai-se vivendo... e muitas vezes nem sentimos
Que somos sombras, que já não somos mais nada
Do que os sobrevivente de nós mesmos!...