terça-feira, julho 15, 2008

O anzol e o sonho.

Elas esperam por voçê...
E o anzol parado reluzindo na sombra
de nossas noites errantes
de vagabundagem e solidão.
Uma cama quentinha,
comida decente,
e com sorte
algumas belas e regulares trepadas
sem camisinha.
Na chama dos ciúmes partilhados
e na guerra inevitavel de ser gente.
Um Deus cativo no altar do afeto.
Sem nenhum espaço
para SER SOZINHO.
Ou então...
Uma pustula etlíca se arrastando nas esquinas da miséria.
Elas esperam por voçê.
Para dar sentido ao movimento equivocado
da vida dividida,
sugar-lhe a seiva a pretexto de cuidado,
secar-lhe o brio a pretexto de virtude
fazendo de voçê um cidadão decente.
Dividido em vidas paralelas para não abraçar espinhos.
Elas esperam por voçê.
E voçê espera pela exceção.

quinta-feira, julho 03, 2008

Velhice e amor

A tarde começava a cair quando isaac levantou-se da poltrona ainda sonolento. Os remédios para reumatismo costumavam lhe deixar com o corpo mole e cabeça pesada. Pegou o livro de contos em cima de mesinha da sala e arrastou as sandalias até o sanitário. era o único lugar apropriado para se fazer uma leitura sossegado.Era um bom livro aquele, mas o autor levava muito a sério coisas banais como a existência de Deus ou a escrotidão feminina. "Todavia parece ser um bom sujeito esse tal de Enzo De marco" Pensou Issac. Terminou as suas necessidades elementares, se limpou e deu a descarga. Na sala a sua senhora também já tinha despertado do cochilo vespertino e preparava o café, a janta ou qualquer outra merda que a fizesse acreditar que era importante enquanto resmungava, reclamava e cantava musicas evangelicas . "Ficar velho é de fato uma das piores drogas que acontecem com o individuo quando ele ainda não resolveu dissolver-se dentro de algum tipo de misticismo". Isaac pensava coisas desse tipo, pois sua cabeça doia e sua senhora tinha acabado de retomar a cantiga sobre as infidelidades da juventude de isaac. Toda tarde, precisamente entre as 15:00 e as 19:00 quando a casa voltava a ser ocupada por outras pessoas, a senhora de isaac retomava a mesma narrativa. Eram traições atrás de traições. Umas reais (mas e daí se ela aceitou e não deu o fora?) outras pura invenção, estas por sua vez, frutos de sua sensação de rejeição, derrota, putrefação, incapacidade e dependência.Essa torrente de lama esculpida e costurada com pedaços de eventos reais tranformava-se miraculosamente em uma aura magnifica de brilho e superioridade moral ao tocar a esposa de isaac. Na dor de sua condição ela elevava-se acima do comum dos mortais, não era somente mais uma fracassada, tornava-se uma martir.
Isaac sabia disso tudo e justamente por isso tinha aprendido a não se ofender. Na verdade não deixava de admitir sua parcela de culpa. Continuar casado com cecilia foi uma escolha reiterada durante anos. Reconhecia também que tinha sido um contrato vantajoso para ambas as partes. Para ele o casamento foi garantia de uma casa sem baratas, comida não apodrecida e sexo de qualidade e para ela... bom se foi mal para ela, foda-se! ela é quem deveria saber se virar e dar um jeito na coisa toda. Cecilia Já tinha sido uma bela mulher. Não linda, é verdade, mas era gostosa. Trepava bem também. E apesar de não ser um gênio não implicava com as loucuras literário-filosóficas dele. Era um tanto ôca, mas dava lugar ao eco da voz narcisista do isaac e ele gostava disso. O único problema é que ela era uma mulher e também queria sua fatia de veneração, uma veneração que no caso dela tinha de vir de outra pessoa. Isaac nunca tivera esse problema e continuava sem tê-lo. Só queria gozar e viver sua vida, o mundo e as pessoas que fizessem o que lhes parecesse melhor. Agora Isaac pensava na morte e em uma trepada gostosa com beijo de lingua, algo absurdo e impossivel em sua idade.
Entrou na cozinha e pegou uma fatia de pão, passou manteiga e levou a bôca enquanto Cecilia gritava e acusava. Sua filha entrou na cozinha beijou seu rosto depois beijou a mãe e saiu. Menina Esperta, ele pensou. Tá cagando e andando para as tramas alheias. "Essa sim vai saber gozar, seguir em frente e ainda se emocionar com o pôr do sol". Depois reconsiderou: "Pai babaca. Tudo é uma merda só."
Isaac foi para o quarto e deitou na cama onde já dera tantas metidas magnificas. Também já gritara de desepero e mêdo em silêncio. Pensou no Buda, no Krishnamurti, grandes sujeitos, tentou meditar. Esvaziou a mente e se sentiu muito bem com isso, dava uma sensação de poder e de força. Os pensamentos voltaram. A imagem de uma mulher que trepara a uns 10 anos flutuou derrepente em sua cabeça. "Cionara, que nome, que Foda". Um beijo tão quente, uma coisa tão triste e tão itensa e... desesperada, mas escapou de suas mãos, como tudo de bom que lhe atravessara o caminho. Isaac se sentiu triste e exitado. Colocou o pau semi ereto para fora e começou a se masturbar. "Ahhh, sim, sim " Ele repetia baixinho fazendo algo de que já se tinha esquecido. A mão se agitou, começou a trabalhar de verdade. Ele voltou ao pasado em uma corrida louca e impossivel. Sentiu o coração doer em uma forte pontada. O pau ficou vermelho e Grande. A dor tornou-se insurpotavel, seu peito estava explodindo. Esporrou como um chafariz, perdendo a consciência junto com o desejo. Caiu de lado sorrindo e morreu.