sexta-feira, julho 23, 2010

Soneto (mal feito) para o amigo

Depois de tanta trincheira, tanto corte,


porrada na carcaça carcumida


Olho para o perfil sereno e forte


de quem, como eu, não teme a vida.


Sinalizo o verme camuflado, esperando


Sem brio, vertendo seu veneno antigo


com o rebanho dos invejosos rastejando.

Comungamos do combate contra esse inimigo

Com ilhas imensas de solidão a cada caçhaçada

Para dividirmos as conquistas e o cinismo

Como se a vida mais não fosse que uma luta armada

Sigo contigo, embora isolado, bem sabemos

Que o auge da amizade é esse isomorfismo

Da consciência de que somos homens e morremos

terça-feira, julho 20, 2010

Algumas vezes você tem um amor

E outras vezes é o mar quem governa

Você tem trabalho, medo da morte, cinismo

E ainda colocam em seus ombros

A obrigação de ser reto.

Você tem uma mal que não cura,

Não sabe seguir de mãos dadas

Sustenta uma guerra perdida

E coloca nos socos o desespero

Da vida.

Você vê a face negada, a traço calcado

E as pessoas utilizando lindas palavras

Para espremer seu pescoço.

Você as vezes para, limpa o suor

Entorna alguns copos

E dorme,

Mas o pretendido repouso não chega.

sexta-feira, julho 16, 2010

Angeli


Quem são eles (e elas)

Por não ter conseguido
Ou pela vitória ter escapado entre os dedos
Por causa de um pai escroto, ausente ou doente
Por uma mãe muito boa, muito santa e frustrada
Pelas fases da vida em que se cai no buraco
Pelos amigos que deram inveja
Pelas amigas que são mais bonitas
Pelos gritos calados, esquartejados, enterrados
Pelos jogos de dados que não contemplaram
O projeto.
Por tudo isso, por tudo aquilo, por tudo o mais
Carregam a foice do gesto,
Afiam a garra do olhar
E nunca deixam de demonstrar
O que são.
Bombas de ódio esperando para explodir.

quinta-feira, julho 01, 2010

Nivele as desigualdades

Se você tem um lugar
Segure-o
Se você nasceu entre nuvens e trevos
mantenha-se.
Um dia você saberá que existem poucos alicerces
E muita gente precisando de escoras,
Muitos detritos sendo arrastados e poucas formas de
Fugir do esgoto.
Quase ninguém pode fugir,
Quase ninguém pode mover-se
Quase ninguém para angustiar-se consigo
E se você pode então faça,
Segure com fome e com força
Esse pedaço de acaso que lhe dá
O sorriso completo.
Corra,
Corra,
Corra,
Sorria e lance um beijo ao luar
Beba essa dose de sobriedade e bom senso
Mastigue essa fatia de doce prudência
Que te faz dormir sem demônios.
Lembre das datas certas,
Não leve ofensa pra casa
Revide a porrada e mande foder-se
Todo mundo que não encaixa
Em seu conceito
Mas tenha cautela, oh sim, tenha cautela
Quando for comentar
pessoas
ssim Como eu.