segunda-feira, dezembro 28, 2009

Tom e Jerry e o sentido da vida.

O patrão nos exige uma produção, pontualidade e comprometimento. A esposa nos exige fidelidade absoluta, atenção, carinho, a sociedade nos exige...Puta que pariu. Melhor nem entrar nesse merito. É verdade que algumas destas exigências podem não representar problema para aqueles que consideram que ela correspondem ao que se exige de qualquer sujeito que pretenda denominar-se humano. Nesse caso, é bom possível que diante de uma compulsão para a infidelidade um sujeito destes acabe decepando o próprio penis como fez o colombiano da noticia abaixo. Todavia, quem quer que se confesse menos fanático por princípios morais que esse infeliz colega da colombia acabará por aceitar, como eu, o desenho de Tom e Jerry como a mais sincera expressão da existência. O gato e o rato. A regra, a lei, a convenção e as pulsões arbitrárias que se reecusam a ceder diante de exigências externas. As manhas do rato e a tolice do gato que crente de sua superioridade (nesse caso moral) não se pergunta se realmente vale a pena perseguir tal prenda. É bem verdade que essa missiva serve muito mais como motivador dos ratos que como sugestão de cautela aos eventuais gatos, estes, tão cegos por suas convicções não chegarão sequer a entender a sutileza da metáfora. Tom e Jerry como concepção da existência

10/12/2009 - 18h09

Colombiano se castra com lâmina de barbear para não trair a mulher

Do UOL Tabloide
Em São Paulo

Um agricultor colombiano de 40 anos se castrou com uma lâmina de barbear e revelou que tomou a decisão "para não ser infiel" à sua mulher e não ir contra sua religião, segundo a imprensa local.

Luis Alfonso Sánchez, um camponês que mora no departamento de Bolívar, no norte de Colômbia, revelou a jornalistas que cortou seus testículos porque tinha problemas sexuais com sua mulher, mas que não queria ser infiel a ela.

Sánchez afirma ter encontrado na Bíblia, no capítulo 18 do evangelho de São Mateus, que "se tua mão ou teu pé te fazem pecar, corte-os, porque mais vale entrar na vida manco que ser jogado no fogo eterno com suas duas mãos e seus dois pés".

O colombiano disse: "peguei uma lâmina de barbear com a qual me cortei e tirei os testículos e me costurei com as agulhas e fio que uso com as vacas e os porcos, para não ser infiel a minha mulher".

No entanto, a "operação" resultou em uma grave infecção e, por isso, o camponês está sendo atendido por urologistas e cirurgiões no Hospital Universitário de Santander, na cidade de Bucaramanga, no nordeste do país.





The boxer - Simon and Garfunkel


Eu sou apenas um menino pobre
Embora minha história é raramente contada
Eu despedacei minha resistência
Em troca de um bolso cheio de resmungos
Feito promessas
Tudo mentiras e chacota
Ainda assim, um homem ouve o que quer ouvir
E descarta o resto

Quando eu deixei meu lar
E minha família
Eu não era mais do que um menino
Na companhia de estranhos
Na quietude de uma estação de trem
Fugindo amedrontado
Mantendo-se escondido
Buscando os quartos mais baratos
Onde o povo esfarrapado vai
Procurando os lugares
Que apenas eles iriam

Lie-la-lie.....

Solicitando apenas salário de trabalhador
Eu vim procurando por um emprego
Mas não recebo ofertas
Apenas um vem cá das putas
Da Sétima Avenida
Eu declaro
Houve momentos em que estava tão solitário
Que tomei algum conforto lá

Lie-la-lie.....

Então estou estendendo minha roupa de inverno
E desejando que estivesse partido
Indo para casa
Onde o inverno da cidade de Nova York
Não estivesse me sangrando
Me levando
Indo para casa

Na clareira em pé está o boxeador
Um lutador por ofício
E ele carrega uma lembrança
De cada luva que lhe abateu
Ou lhe cortou até gritar
Em sua raiva e sua vergonha
“Estou indo embora, estou indo embora”
Mas o lutador ainda permanece

Despedida (o confronto)

Eu a beijei e peguei a pistola na gaveta acima do armário. A pequena dormia abraçada a sua boneca e Janie estava em lágrimas como sempre ficava todas as vezes que eu saia em missão, e essa era das mais difíceis. As mesmas recomendações de cuidado, as mesmas preocupações com minha fidelidade longe do lar, os mesmos votos de proteção divina e tudo mais. Se ela sequer imaginasse o que era estar do outro lado do front suas recomendações pareceriam patéticas a quem as ouvisse. Mas ela não podia imaginar, ela representava uma outra face da vida. Alimentada pelo leite do comodismo, das certezas, da moral vigente e da proteção que pessoas como eu proporcionam ela não podia imaginar qual a natureza exata da minha existência. O padre podia lhe oferecer interessantes argumentos para me condenar, os psicanalistas poderiam lhe falar sobre a minha insensibilidade e machismo, as feministas poderiam confirmar as suspeitas dela sobre o carácter arbitrário da minha promiscuidade mas todos eles enlouqueceriam se tivessem que olhar para a vida do meu ponto de vista. A guerra me esperava. Dias e mais dias me banhando em sangue humano, conhecendo um lado das coisas que não nos ensinam nas escolas e desenvolvendo apetites e necessidades que só tem quem precisa lidar com isso. É claro que ela não ia entender, mas não me importo com isso. Existe um trabalho a ser feito e essa foi a forma de trabalhar que escolhi.
Temos a luta cotidiana e a reivindicação alheia. Temos sede, fome, medo e um pouco de curiosidade. Saltando de um galho ao outro procuramos ferramentas para erguer os nossos tribunais onde poderemos sentenciar aqueles que vivem de forma diferente. Queremos punir e encaminhar. Desejamos dobrar a vontade alheia com reivindicações. Pobres soldados sozinhos! Pobres árvores devastadas erguendo galhos inúteis para estrangular outros ramos! De tantos cancros, visíveis e invisíveis, somos tecidos e ainda assim tentamos extrair um SIM e um NÃO. Um razoável e um absurdo para coroar nossa própria patologia inevitável. O amor é um signo para algo que não nos cabe. Uma ponte de lugar algum para o vazio. Tudo que nos sobra é combate...e algumas tréguas intervaladas para repartir o pão, o corpo, canções ocasionais e o silêncio companheiro que aceita.

domingo, dezembro 27, 2009

Temo as satisfação das massas

Temo a satisfação das massas

E temo a alegria daquela ou daquele

Que tem em mim uma pilula para sua aflição.

Vejo a direção e a contradição e vejo

Semáforos no nada controlando direção alguma.

Temo as horas de felicidade em barulhenta comunhão...

Cerveja ou prece.

Temo mais que a minha morte o meu engano, a palavra que me escapa

O entendimento que não tenho, a conta que não poderei pagar, o lugar onde não estarei,

A voz emudecida e o gesto automático sentenciado por um tribunal de mães.

Temo as convenções cristalizadas,

temo o olho cego do esquartejado e a mão certeira do faminto

temo o contato e a ausência do contato, temo a minha definição, o fim do espaço

arbitrário onde me tenho inventado em 36 anos de caminhada no deserto

e até agora consegui me esquivar.

Até agora persisti faminto

Até agora nada de parada e regojizo

Até agora o combate camarada e poucas palavras com poucas pessoas de verdade.

Mas o cerco se fecha e nós sabemos que ninguém escapa

Por isso tudo eu temo o dar as mãos

Pois de tudo em tudo persito apenas do imcompleto

Como cinza, como sonho, como ponteiros apressados, filho deserdado e como anjo duvidoso que não se pode possuir.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Um fragmento de instante.

Era uma dia muito quente, como são a maioria dos dias por aqui, e depois de uma semana de batente eu não esperava nada além de um pouco de ócio e saudável preguiça.
Acordei tarde, como sempre fiz aos finais de semana e fiquei até o inicio da tarde bebericando e um fumando um ou outro cigarro. A rua agora estava insana, eu sabia. Os bares e as igrejas lotados. O tempo fustigava as pessoas as obrigando a livrar-se dele de alguma maneira. Eu nunca tive problemas com o tédio. Escrevi meus melhores poemas e contos nos largos períodos de desemprego e ócio. Se tive algum problema com solidão nesse tempo todo, como toda certeza, foi apenas por falta de mulher. Saciado de comida e de sexo, pode apostar, não me inquieto com muita coisa. Todavia, os bens primários nunca são definitivos. As mulheres trabalham para tornar a coisa toda complicada e os patrões começam pedindo sua mão de obra e terminam exigindo sua alma devotada para o sucesso de suas aflições. Dizem que é um signo de nossa condição o fato de não reconhecermos essa mesma condição. Sempre se quer mais do que se pode alcançar.
Bom, fiquei naquele ócio soberano até o cair da tarde quando fui à esquina comprar umas cervejas e algum alimento. A patroa tinha ido encontrar-se com algumas amigas de trabalho e falar mal de mim e de seus respectivos esposos. Agitavam-se todos nas ruas da favela. A musica ressentida ecoava violenta nos auto-falantes. Um quarto de machismo pobre, um de exclusão econômica, um quarto de impotência prática traduzido em potência verbal e para coroar uma última fração de cristianismo mal introjetado. Tudo isso servido á temperatura ambiente de 38 graus regado a cerveja, sexualidade precoce e evasão escolar. Voilá ! Eis a musica baiana.
Eles vão estar no seu caminho. Elas sempre vão dificultar as coisas. As pressões virão de todos os lados e você vai esquecer o motivo de correr na corda bamba muito antes de ser atirado lá de cima. Talvez você nem chegue a perceber como as raízes estão na superfície e não há mistério algum. Só a fome, a sede, o medo, a insegurança e o desejo faminto de redimir-se e segurar as rédeas.
Dei-me conta repentinamente de que era o natal e isso não me dizia coisa alguma, como também tenho certeza, dizia muito pouco há quase todo mundo. A sociedade cada vez mais parece-se com aquilo que ela sempre foi: um imenso torno de metal em volta de nosso pescoço. E o pior é que a grande maioria das pessoas se identificam com esse torno e carregam as palavras que lhe servem de instrumento como se fossem suas bandeiras. Morrem por essas bandeiras, matam por elas e seguem cegamente uma cenoura na ponta de uma vara enquanto movem para a frente o que dizem desprezar (se é que dizem isso).
Com meu alimento retornei correndo para casa e continuei bebericando enquanto cozinhava meu repasto. O Guerra ligou.

- E aí Man, que tal uma cerva mais tarde?
-Uma boa, onde mesmo?
-No mesmo lugar de sempre.
-OK, a gente se vê.

O lugar de sempre era um bar deserto onde não havia indícios dessa péssima musicalidade de nossa terra, nem as costumeiras manifestações da intelectualidade baiana. Apenas mais uns tragos e a conversa repetida sobre Buk, heroísmo e finitude.

terça-feira, dezembro 22, 2009

Um tributo aos aliados de trincheira



"He Ain't Heavy, He's My Brother(tradução)"


A estrada é comprida
Com muitas curvas dificeis
Que nos leva a
Quem sabe onde, quem sabe onde
Mas eu sou forte


Forte o bastante para carregá-lo
Ele não é um peso para mim, ele é meu irmão
E assim continuamos
O bem-estar dele é problema meu
Ele não é nenhuma carga para mim


Nós chegaremos lá
Pois eu sei
Ele não seria um estorvo para mim, oh não


Ele não é um peso para mim, ele é meu irmão
Agora, se estou realmente sobre carregado
Então estou sobrecarregado de tristeza
(De saber) que o coração de todo mundo
Não está cheio de gratidão


Ou de amor, um pelo outro
É uma estrada muito comprida
Da qual não há retorno
E enquanto estamos indo para lá
Por que não partilhar?
E a carga (dele)

Oh, Sister - Bob Dylan




Oh, Sister
Oh, Irmã

By Bob Dylan and Jacques

Oh, irmã quando eu vier caber em seus braços
Você não deve me tratar como um estranho
Pai nosso, não gosta de como você age
E você tem que perceber o perigo

Oh, irmã, eu não sou um irmão pra você
E um merecedor de afeto?
E nossa finalidade não é o mesmo nesta terra
Nem para amar e seguir o caminho

Nós crescemos juntos
Desde o nascimento até a morte
Nós morremos e renascemos
E, em seguida, misteriosamente nos salvamos.

Oh, irmã, quando eu venho bater em sua porta
Não me mande embora, você criará tristeza
O tempo é um oceano, mas ele termina
Você pode não me ver amanhã
Sentado em uma poltrona de zinco,
erguendo um copo e um cigarro em direção
ao luar,
sentido a garra do seu silêncio e o arape farpado
de algo que já teve seu tempo,
eu me preparo para uma nova visita a mim mesmo.
Assim eu me coloco e espreito
Assim compreendo o sentido das ruas
Assim o beijo e a luta terminam na mesma
vala de loucura e de morte.
Muitos anos desde o primeiro desdém
muitos espinhos, chagas, pesos, auroras, orgasmos, esquecimentos
grandeza, finitude e ternura...
Mas a vergonha é um imenso charco de lodo
e nós oscilamos confusos entre instâncias da dor.

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Fútil

UMa chama fútil e uma boca rubra
para alimentar um verso e para
destruir um homem.
Com cordas para resgatar do abismo
e uma forca para a execução
aberta.
Todos assistindo
Todos sussurrando
com as cadernetas e os estandartes
vociferando aos quatros ventos
sua função.
E será tão patético
Tão estúpidos papeis rasbicados e incongruentes
digitais e insuficientes
Navegando em uma fria mão de vento
e lançando um tapa na face
do escravo
e puxando a trança
de uma assombrada louca .



domingo, dezembro 20, 2009

Warm

Quando eu me elevar por sobre
os ruídos tensos da cidade
milhares de frases bem compostas
irão de desfazer em lagrimas.
As arvores até então imoveis irão oferecer seus
galhos, para indicar os rumos
de uma multidão faminta.
Nós não temos lar.
Nos dissolvemos sorridentes
em uma maré de pó.
Estou tentando apenas suportar os dias
pagar as contas e ser um pai
de vez quando
"um coração de pedra
lançada no oceano"
eu estou aqui, parado nessa esquina
perdendo a chance e
chegando no instante exato.

sábado, dezembro 12, 2009

Fronteira

Atirado do esquecimento ao caos
eu caí naquele jogo.
Esmagado entre os ruídos e a retenção
das fezes,
entre as reivindicações do corpo
e a expectativa do amanhã
para celebrar o que não sabia.
As soluções do esquecimento
e a pobreza galopante que cortava
os componentes do deleite gustativo
e reduzia o meu café, o café de meus irmãos, o café de minha mãe
a um pobre repasto de pão e sombra.
Eu falo de coisas falsas, eu estou narrando absurdos
eu estou me vangloriando do fracasso, expondo chagas velhas para
incomodar seu sono?
AH! Mas que me importa incomodar, se podes não me ouvir?
Se tens o desfile matutino do sincretismo, politicismo, teísmo, ateísmo, marxismo, alémnismo, xamanismo, consciência e biscoitos pão e mel nos intervalos do delirio.
Estou preso no limbo dos preenchimentos pessoais
sou uma composição de mil vitrais falando sobre Dom Quixote e tantos outros personagens
de nosso Carnaval.
E o grito de poeira daquelas ruas de onde vim?
E a iniciação masculina, o mêdo das garotas?
A proibição, a mutilação do que é espontâneo em nome de um hábito e uma certidão?
AH! Mas eu tinha a LAdy Jane...
O rosto dela flutuando entres as brumas de minha imaginação entorpecida!
A eletricidade contida em pensamentos sem imagem e culpa sem ação.
E o escorrer de volta para o mundo sem espaço ode eu era apenas um estorvo.
A marca gelada que retemos permanece e condena
as noites intermináveis fitando a escuridão nos diz muito sobre a luz
mas eu não trago nada que possa te dizer
Eu não sou nem mesmo parecido com você.

sábado, dezembro 05, 2009

Avançar.

Dos nossos dias de filhos feridos
com mães destroçadas e ruas cruéis
retemos espinhos e cicatrizes de
chumbo
para ornamentar nossa bebedeira
confusa.
As lições da rua que não se pode esquecer
Nossa forma de amar reservada e cruel
a sombra da besta espreitando o quarto
esperando por um intervalo para fazer seu trabalho.
Olhar para a frente e avançar
com quimeras e e versos
nas pétalas do olhar.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Um breve cumprimento

Com um suave cumprimento
eu me despeço do dia.
Me despeço das rosas
e dos punhais escondidos.
Eu espero uma manhã de horror
em que acordarei sem pescoço,
com asas de inseto,
um uniforme escuro e um lugar
entre os mortos.
Todas as noites eu me nutro de lama
engordo com um repasto de sombras
enquanto defendo o que me resta
do inferno, o que me falta do mêdo,
o que sobra em mim de poesia...
Da poesia que aprendi pelas ruas,
dos salmos que decorei trabalhando,
dessa coisa forte e selvagem
que não vai entregar os pontos
tão fácil.