Não me fales das coisas doces, alegres
que meus dedos trazem marcas de tinta
como garças que já foram brancas e leves
cobertas do óleo que o oceano inteiro pinta
Talvez um dia a chuva lave, as asas,
como uma noite de tempestade que termina
com um amanhecer suave sobre as casas
e o riso alegre na brincadeira das meninas.
Mas até lá, cada um com o seu fardo,
devo me aceitar como eu sou
confuso poeta do riso mal-formado
Algo germina em nossa vida
uma semente de amanhã que não brotou
e que nos pede uma breve acolhida.