Colocar as coisas em termos de certo e de errado, de verdadeiro e falso é uma tara nossa, tanto por parte dos imoralistas como por parte dos senhores defensores do ideal. Pretendo sair dessa esfera "teologica", pretendo descrever cada coisa de uma forma totalmente pessoal, mas ou menos como Max Stirner fez no único e sua propriedade, deixando explicito na narrativa o meu interesse em relação as descrições que ofereço, e não obstante, vinculando esse interesse as minhas relações com o mundo, com as pessoas e tudo o mais. Dessa maneira, creio, minhas esperanças em relação a como as coisas "deveriam ser" não estariam fundadas na nessecidade nem na verdade, mas apenas na finitude e na minha propria experiencia pessoal, no meu desejo de gozo e de criar o mundo "a minha imagem e semelhança". Assim evitaria a critica sebosa dos idealistas contra o egoismo, e a limitação, a falta de criatividade e o ressentimento dos "imoralistas". O mundo é "caotico"? é que as pessoas ainda não aprenderam a tornar suas relações prazerosas e não contraditorias livrando-se do vocabulario metafisico-cristão, apostando na propria auto-suficienciia e exigindo um minimo de certezas praticas. "Romantismo Pragmatico" é assim que José Crisostomo chama essa filosofia, eu prefiro chama-lá "filosofia da trincheira," para acentuar o carater de risco, responsabilidade pessoal e incerteza que envolve uma vida assim, e não obstante, a alegria e o gosto pelas coisas doces e simples que, em geral, só conhece aqueles que provaram o gosto das batalhas .
2 comentários:
Leal, o termo filosofia de trincheira tá de bom tamanho. tentar a auto-suficiencia ao envés da esperança cômoda e escapista das religiôes é o que tenho feito a minha vida quase toda. Por outro lado, tenho descoberto mais verdades práticas nas religiões que na filosofia. A vida é mesmo engraçada, lemos os maiores pensadores da humanidade e ruminamos suas idéias por anos a fio; para no final de tudo descobrirmos que na maioria das questões da vida bastariam alguns singelos calculos matemáticos. Não foi Raul seixas que disse a coisa mais importante quando falou que é preciso cultura pra cuspir nas estruturas, mas o simplista jogador de futebol Bobô,quando acressentou que além de cultura é presciso coragem;afinal Zapata não tinha cultura e nem os sandinistas, enquanto que nós, na época da ditadura, tinhamos o suficiente, Mas não tinhamos coragem na mesma proporção. Põis é, para manter essa atitude que vc está propondo é preciso mais coragem que para se fazer uma revolução. Acredite.
Sim, coragem é fundamental. Principalmente para não descrer daquilo que justifica toda crença, ou seja, nós mesmos. Todavia, zapata, guevara ou fidel não são para mim a melhor expressão dessa forma espartana de pensar a vida. O rancor, a vingança, a magóa, sentimentos pequenos fermentados no ventre daqueles que vivem de comparações, também estimulam revoluções, mas so final delas o sangue dos herois volta a regar as ervas daninhas da tirania e da corrupção. "os grandes acontecimentos são silenciosos" com essa frase nietchzse definiu o que é a grandeza segundo uma conçepção "pragmático romantica". Thoreau, sentado em sua abóbora é um simbolo muito melhor de coragem para mim, ou Krishnamurti mandando a merda os teosofistas, indo dar suas palestras, ou o Walt withman com suas caminhadas, sua sexualidade confusa e sua poesia despretenciosa. Filosofia da trincheira é uma concepção da vida humana como algo fragil, finito, inutil, experimental,perigoso e no entanto...digno.
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