quarta-feira, junho 25, 2008

Entendimento.

Sem saber para que lado olhar
como um bebado a se amparar
nos poucos amigos que persistem
eu sigo.
O chão partido
o frutos que não vingam
A mão, o tato e o olhar já não encantam
e o ferrugem das coisas esquecidas recobre
o campo lindo de girassois que semeei.
O olhos mesquinhos querem ver-me de joelhos
ou olham simplesmente seus reflexos,
mas mantenho o brio.
Não sei quem veio pra ficar
nem quem só quer roubar o que restou do nada.
Não temos,todavia, outra escolha senão semear
estrelas de sangue nos céus da persistência
sem esperar entendimento das pessoas.

segunda-feira, junho 16, 2008

quinta-feira, junho 12, 2008

Uma canção para deni.(delirio de amor cético)

É duro saber o quanto tudo importa tão pouco,
quando nem temos o bastante para prosseguir
nos importando.
Não é nada agradavel sangrar olhando o sol
se pôr,
Nem catar cacos de aurora nos litorais azuis
do desespero.
Mas pelo menos ela está ali...
desfiando também o seu rosário cético,
ciente da separação inevitavel entre nossas consciências
e da linha carnal que une nossas vidas.
É bom ouvir o teu suspiro,
e recostar no teu colo doce
enquanto tudo se desfaz, se renovando eternamente,
e apesar de tudo
e apesar de tudo
ela ainda está ali.

domingo, junho 01, 2008

A filha querida

"Me dei conta de que não podia ser de outra maneira." Respondeu o velho homem coberto pela poeira das andanças ao ser questionado sobre como recebeu a noticia do assasinato da filha única que tinha se tornado prostituta em recife. "A mãe dela adorava a noite, e eu sou somente um pobre e ignorante catador de papelão." Suas mãos encarquilhadas pelo trabalho exaustivo se esfregavam uma na outra, fazendo um ruido seco, que se fazia ouvir nos intervalos de sua confissão. " Muito cedo minha filhinha se afeiçou a mãe que passava os dias ao seu lado enquanto eu rastejava pelas ruas e pelos aterros sanitários em busca do que os doutores não puderam aproveitar. A pequena foi crescendo, eu queria "botar" ela numa escola boa, sabe seu moço, mas a mãe dela achava que devia comprar roupa bonita, sapato de gente chique e vivia me maldizendo por causa da "micharia" que eu ganhava com minhas catações." O homem suspirou fundo e olhou para o céu, seu olho claro e fundo era um espelho do abandono. " Nós brigava muito seu moço, e chegou uma hora em tive que ir morar em outro lugar pois a mãe de minha filhinha vivia me ameaçando de morte. Ah seu moço, só num me pergunte como doi prum homem como eu deixar a coisinha mais linda da vida e ir embora sem saber pra onde. Minha pequeninha estava dormindo quando eu juntei meus pano e fui morar na rua." Nessa altura o olhar de seu manoel tornou-se turvo por uma lagrima, ele levantou o copo deu um gole longo na cachaça, estalando a lingua. "mas se eu fico lá, que seria dessa criança seu moço? " Seu manoel levantou a voz e deu um murro na mesa " "e se eu brigo na justiça e tomo a menina pra mim, já apegada a mãe ela não haveria de me ter desgosto então? Vê seu moço, como tudo tinha que ser? Passou-se o tempo sempre ia ver a menina, a casa da mãe se tornou um antro. Tentei varias vezes tirar a menina dali e levar ela embora, mais a danada não queria. Amava a mãe. è duro perceber que o bezerro ama a mão do açougueiro que o vai matar por causa do costume ao pasto que come todo dia." O homem gasto Agarrou a cabeça com as duas mãos e desabou sobre o balcão, estrangulado pela própria impotência. " Olha seu moço, que me censure quem quiser, mas nem deus nosso senhor faria diferente do que esse cabloco fez. Me afastei do único raio de luz dessa minha vida sem sorte nem estrada. Sim. Se cometi eu algum pecado foi o de coabitar com a mãe dessa menina que morreu assasinada em algum puteiro escuro. Viver é uma coisa estranha seu moço, e a culpa é de nossas esperanças".