sábado, abril 23, 2011

Nuvem.

Vazio eu caminhei sobre destroços,
pela mão do acaso me salvei de insanos males,
sem os cuidados da palavra que depois me disseram
que era linda,
sem os laços infinitos que me disseram que se chamava
mãe.
Vazio, corrompido, inefável e celeste
com um travo de amargura e um peito estremeçendo em gritos
esperando por alguma coisa pela qual nunca gritei.
Buscava o que não conhecia, tinha fome sem lembranças
e habitava a ilha do desdém
onde cultivava a melodia cantada pra ninguém.
Ela não seguiu o curso esperado, eu me desviei da rota,
me parti, me recobrei, me reconheci sem sustos
e ela ficou lá...
parada gritando pelo que não protegeu
pobre nuvem tola que nunca choveu.

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