segunda-feira, novembro 04, 2019

Um dia Ruim


Agora eu estou tentando ir por cima, na posição do missionário. Focalizando os peitos. Os peitos sempre funcionam. Uma, duas, três, quatro, cinco....nada. O pau ainda estava teso, mas o tesão não estava mais lá. Nada de gozada à vista. O folego estava indo embora. Então ela pediu para ficar por cima e eu sabia que aquilo não poderia funcionar de jeito nenhum. Não é uma posição confortável quando já se está meia-bomba. Ela insistiu e veio por cima, estava empolgada. Cavalgou e cavalgou, a concentração estava indo embora junto com o folego. Comecei a escapulir pelas beirada a cada nova investida dela. Ela não percebia que aquilo não estava dando certo? Em um último esforço desesperado pedi para ir por detrás. Ela se virou e eu fui. Uma, duas, três...quase lá. Segurando os peitos. Mantendo a mente focada naquelas coisas todas que devemos pensar nessas horas. Ela já havia gozado, acho, mas esperava algo mais de mim. Não era possível fingir nem escapar. Eu ia conseguir. Quase lá....
Não consegui. Arfando como um cavalo no final de uma corrida u virei para o lado limpando o suor da testa com o antebraço. Ela me olhava com a cara de uma debutante que ninguém tirou para dançar nos seus quinze anos.
-Porque você está assim comigo ultimamente? Ela perguntou.
-Assim como?
-Assim, diferente.
-Ora essa. Não tem nada de diferente. Eu brochei. Acontece.
-Não, não é só isso. Tem algo mais. A magia acabou não foi?

Não havia um jeito de sair daquela situação sem transtornos. Tudo que eu dizia estava errado. Uma brochada tinha mesmo tanto significado? Eu pensava que tinha sido apenas falta de sorte, um dia ruim. As vezes os dias ruins se repetem, é verdade. Mas ficar procurando um padrão em tudo não é uma coisa saudável. Eu só queria escapar daquela situação, mas toda resposta que eu dava ia na direção equivocada. De um momento para o outro uma ereção e uma ejaculação haviam se transformado em um problema metafísico com profundas implicações morais. Em uma certa altura não falei mais nada. Tudo era insano demais. Ela virou-se pro lado, começou a chorar, a última fagulha de tesão que se escondia sobre as cinzas do cansaço se apagou. Tudo que eu não queria era ter novamente uma mulher molhando de lágrimas o meu colchão. O choro, a mera possibilidade do choro, de uma mulher me faziam pensar as vezes no celibato definitivo. Depois de algum tempo o assunto se esvaiu, ela levantou, se vestiu e foi embora.
Eu levante bem depois, liguei o rádio; felizmente tocavam os noturnos de Chopin. Fui para o banheiro. Liguei o chuveiro com água quente. Até os trinta tomei sempre banho frio, não tinha chuveiro elétrico. Engraçado, até os trinta também não tinha transado de modo regular. As metidas sempre eram muito raras. Também eram mágicas, talvez por isso. Nada arruína mais a magia do que a obrigação. Pensei em algumas metidas antes dos trinta. O pau voltou a subir.  Com aquela espuma toda ali por perto não deu outra: soquei uma.  Depois de terminar fiquei pensando em que problema eu estaria metido se não tivesse mãos.