Agora eu estou
tentando ir por cima, na posição do missionário. Focalizando os peitos. Os
peitos sempre funcionam. Uma, duas, três, quatro, cinco....nada. O pau ainda
estava teso, mas o tesão não estava mais lá. Nada de gozada à vista. O folego
estava indo embora. Então ela pediu para ficar por cima e eu sabia que aquilo
não poderia funcionar de jeito nenhum. Não é uma posição confortável quando já
se está meia-bomba. Ela insistiu e veio por cima, estava empolgada. Cavalgou e
cavalgou, a concentração estava indo embora junto com o folego. Comecei a
escapulir pelas beirada a cada nova investida dela. Ela não percebia que aquilo
não estava dando certo? Em um último esforço desesperado pedi para ir por
detrás. Ela se virou e eu fui. Uma, duas, três...quase lá. Segurando os peitos.
Mantendo a mente focada naquelas coisas todas que devemos pensar nessas horas.
Ela já havia gozado, acho, mas esperava algo mais de mim. Não era possível
fingir nem escapar. Eu ia conseguir. Quase lá....
Não consegui.
Arfando como um cavalo no final de uma corrida u virei para o lado limpando o
suor da testa com o antebraço. Ela me olhava com a cara de uma debutante que
ninguém tirou para dançar nos seus quinze anos.
-Porque você
está assim comigo ultimamente? Ela perguntou.
-Assim como?
-Assim,
diferente.
-Ora essa. Não
tem nada de diferente. Eu brochei. Acontece.
-Não, não é só
isso. Tem algo mais. A magia acabou não foi?
Não havia um
jeito de sair daquela situação sem transtornos. Tudo que eu dizia estava
errado. Uma brochada tinha mesmo tanto significado? Eu pensava que tinha sido
apenas falta de sorte, um dia ruim. As vezes os dias ruins se repetem, é
verdade. Mas ficar procurando um padrão em tudo não é uma coisa saudável. Eu só
queria escapar daquela situação, mas toda resposta que eu dava ia na direção
equivocada. De um momento para o outro uma ereção e uma ejaculação haviam se
transformado em um problema metafísico com profundas implicações morais. Em uma
certa altura não falei mais nada. Tudo era insano demais. Ela virou-se pro
lado, começou a chorar, a última fagulha de tesão que se escondia sobre as
cinzas do cansaço se apagou. Tudo que eu não queria era ter novamente uma
mulher molhando de lágrimas o meu colchão. O choro, a mera possibilidade do
choro, de uma mulher me faziam pensar as vezes no celibato definitivo. Depois
de algum tempo o assunto se esvaiu, ela levantou, se vestiu e foi embora.
Eu levante bem
depois, liguei o rádio; felizmente tocavam os noturnos de Chopin. Fui para o
banheiro. Liguei o chuveiro com água quente. Até os trinta tomei sempre banho
frio, não tinha chuveiro elétrico. Engraçado, até os trinta também não tinha
transado de modo regular. As metidas sempre eram muito raras. Também eram
mágicas, talvez por isso. Nada arruína mais a magia do que a obrigação. Pensei
em algumas metidas antes dos trinta. O pau voltou a subir. Com aquela espuma toda ali por perto não deu
outra: soquei uma. Depois de terminar
fiquei pensando em que problema eu estaria metido se não tivesse mãos.
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