quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Familia

Viver um dia por vez, eles dizem pra mim,

Enquanto as laranjas caindo não são percebidas

e apenas um ou dois gestos evitam o pior.

No quintal solitário de um sitio sem sonhos

Na vida infantil de um menino sem pai

Nos ultimos dias de um velho sem

chance.

Nada a pedir, quando ninguém é culpado,

Nem a lamentar quando a morte decide

E no entanto essa cratera calada supura

Todos os dias sem redenção

nem remédio.

Pegue as roupas, se puder levantar-se,

Siga em frente sem tantos lamentos

Porque depois de você outros irão pela estrada.

Outras faces marcadas tentando aprender a sorrir.

São essas as coisas que giram , são essas as arvóres

De onde despencam o meu pessimismo,

Como despencaram meus irmãos pela ribanceira

Do acaso

E até hoje caem sem se dar conta disso.

Nenhum almoço tranquilo para nivelar os dilemas,

Nada parecido com a ligação das pessoas

Apenas memórias sem calendário, nomes sem importância,

Sem noite feliz, maternidade, namoro escondido, bolas de sabão

Beijo de boa noite e todas as coisas agora tão tolas

Que deixariam de ser para alguém que não é.

Ficou esse estar, aos 37, pagando as contas e tentando

seguir

E a morte sentada na cabeceira da mesa

a sorrir.

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