A poesia é para essas coisas ardentes
Que o mundo ignora com risos
Cada palavra é um grito
transformado em ouro
a poesia é a pirâmide onde adoramos a dor.
Oceano de imagens remotas
Sonhos de afeto inconcluso
A poesia é o grito sem som
De alguma coisa
Que nunca estará totalmente
Na luz.
É claro que estamos sozinhos
É óbvio que a alegria é um vulto
Mas a poesia participa dos golpes
Que conseguimos acertar
Na aflição.
Desde que nos percebemos
Errados,
E que somos pinos quadrados
Empurrados para encaixes redondos.
A poesia é a asa partida,
A magia que nem sempre acerta
A poesia é minha margem deserta
Onde chego quando naufrago
Do mundo.
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