quarta-feira, outubro 07, 2009

A onda

No transportar-me de mim para o outro,
muito me perco a custo tão alto.
Perco a memória dos dias sem pão,
as noites imensas em que sustentei o combate
o silencioso valor da solidão cultivada.
As ruas ensinam lições
que as familias não podem ensinar.
As ruas ensinam que existem perigos
as ruas ensinam que existem sentenças
para cada aceno de afeto e auxilio
para cada deleite e encontro entre os corpos.
Uma vida de fardos, as cores da noite
e os vários amigos que foram esmagados
pela loucura.
Como dizer isso a elas?
como sintetizar na palavra a mudez
egoista de quem se vê diante de uma onda gigante
que descerá o seu punho sobre nossas cabeças.
Não haverão avisos...
Não existirão presságios...
E quem presenciou o processo não pode fazer conçessões.

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