sábado, março 27, 2010

Irmãos e tios.

Um colapso silencioso abateu
Nosso sorriso,
Com a mão das horas em que ficamos
congelados
olhando e contornando
Insuficiências na superfície
da pobreza.
Como isso nos aconteceu?
Como fomos nos deixar ali?
Eu sei que você ainda abre esgotos
E não possui um único centavo
Um único aparato
Uma capa luminosa para guiá-lo na dor.
Uma esclerose recobre sua visão,
Armadura de temor travestida de
Orgulho,
Você que não se arrisca, que não sabe de ternuras
Que não enche a cara como qualquer sujeito
Com bom senso
Você, o sem amantes
O homem derrotado, o reflexivo
O sujeito que não ouviu a voz de si e permanece
Amarrotado.
Sustentado pela irmã, dominado pela esposa,
Incapaz de olhar-se no espelho e dizer quem é
No entanto eu me lembro de você
Animado e altivo
Caçando passarinhos, pescando, desenhando
Lutando e sorrindo com fizemos todos nós.
Mas algo em você caiu, naufragou no choque
Contra as coisas inevitáveis desta vida.
Partilho contigo desse espasmo,
Como tu também sou filho daquela ribanceira
Por isso invoco a ultima centelha de batalha
Soterrada nos escombros de vossa identidade
Arremessa teu escarro nesta imagem encanecida
Desdenha deste oráculo culpado e cego
Levanta assume tua trincheira
Eu te darei a mão,
A bandeira
O sim.

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