segunda-feira, abril 26, 2010

Fazendo tipo.

Fazendo tipo. Bancando a pessoa que quer se descobrir, levantando a ponta do mistério com um olhar inquieto para depois fugir apavorada com o sarcasmo entre os dentes. Merchandising, pura pressão. Nós dois sabemos disso.
-Quê? Vai Me dizer que não? Que o paladar das coisas certas: família, compromisso, nariz afilado, barriga no nível, exclusividade, não estão enterrados na sua alma como postes? Que apesar de tudo sua diferença não vai além do playground do seu prédio?
-Haveriam menos mal entendidos se deixasses a estrada livre, se voltasses para o que nunca vais deixar de ser, se os evangelhos de Bukowiski, Kerouac, Celine, Hemigway, Kafka, Campos de Carvalho, não te servissem de escudo contra sua insuficiência.
-Cristo? Bula de remédio? Fidelidade? Opinião da turma? AH, bata-me um abacate! Veja, você não acha injustiça, que esses desgraçados que passaram fome, limparam merda, não tiveram fé, sirvam-te agora de bibelôs na plataforma de sua mentira? Que mal há em estar bem? Em situar-se no rebanho como seus pais sempre fizeram por tornar possível? Vai, não é tão ruim. Deixa a estrada livre para desgraçados, sem o rosto adequado que você tanto aspira, sem a fé no mundo que você tem, e eu sei disso.
Para nós a falta de tato, de teto e o medo da fome e de tudo o mais. Para você apenas algum tipo de chaga nascido das exclusões banais da infância. Nada de mais. apenas uma diferença tola e crucial, mais que existe e mesmo calado você sabe que eu sei. E o mais importante, você sabe, suas rugas te farão perceber isso com clareza.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não vou tecer nenhum comentário besta como os que abundam por aí(e cujo objetivo é a velha barganha de visitas).
Apenas passo aqui para dar aquele abraço desesperado!

RAFAEL MEDEIROS, O INÚTIL.