Nada mais do que um quarto e papéis
Nada mais que minha solidão companheira.
Entre quatro paredes sustentando a trincheira
Com os quadros da mente pintando painéis
Preservando energias do drama de estar junto
Desacreditado de tudo, com a chama a queimar
Execrado em silêncio, um suave amor defunto
Cercado de fantasmas que desaprenderam a cantar
Com poucas cartas, atenção, e paciência
Do outro lado da mesa: a morte e o nada.
Nada mais que um plano, uma só cartada.
Recorrendo ao blefe, a malicia, e minha persistência
Seguem rodadas, adversários com cartas incríveis
Eu Fazendo com ouros e valetes coisas impossíveis.
Um comentário:
O magnífico plano em que, face à face, de perfil para o espectador, o cavaleiro e a Morte, iniciando a disputa no tabuleiro com as peças pretas e brancas, e no fundo aquele céu sem luz e taciturno. Eu poderia continuar citando inúmeros belos planos contidos no “O Sétimo Selo” de Ingmar Bergman, mas pouco importa neste momento. Trago á baila Bergman para pensar um pouco sobre esse conto-poema que me parece aproximasse de forma transversa. Aqui o homem aparece com suas armas a postos e vigilante, enquanto o homem bergmmiano encontra-se desesperado e acuado pelo flagelo ( a peste negra) que sopra sua nuca e que agoniza ocupando um canto de tela, sobrando só a floresta e o negrume da noite.
Fica a sugestão Det sjunde inseglet (O Sétimo Selo em português) 1956, Ingmar Bergman
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