"A delegada Rosane de Oliveira revelou os detalhes do crime que chocou a comunidade de Novo Hamburgo nesta quarta-feira. A empresária Roselani Radaeli D´Avila, 45 anos, matou o marido Flávio Machado D´Avila, por volta das 5h38 de terça-feira, para evitar ser internada em um clínica devido a um quadro de depressão."
Extraído do Jornal o Diário de Canoas 15/04/2009
Mais uma vez nosso conhecimento acerca do que convencionamos chamar de limites morais para a ação humana revelam-se insuficientes. Mais insuficientes ainda revelam-se também nossas pretensões de justificar esse sentido ético por recorrência ao que denominamos de "essência humana". Para tentar reconstruir e cimentar o abismo que abre-se sob os nossos pés ao refletir sobre essa tragica situação, os psicológos, sociológos, psiquiatras e criminalistas irão, certamente, falar bastante e talvez convençam as massas que tem sede dessa desculpas como o beduíno tem de Água. Todavia as conversas nas ruas ainda revelam que o emplastro dos especialistas por enquanto ainda não cicatrizou a ferida na consciência ética da multidão. Como explicar, sustentando nosso senso do que é um ser humano, a situação na qual sem um motivo minimamente consistente uma mulher mata fria e calculisticamente uma mãe que também era sua irmã, uma criança que também era sua sobrinha, e um homem que era seu marido. Com três cortes secos feitos a faca ela ceifou a vida daqueles que ela mais deveria amar e nós, que nos consideramos "normais", precisamos encontrar uma explicação, um motivo, algo que pudessemos imaginar que nos levaria a fazer a mesma coisa se estivéssemos em seu lugar.
Temo ter que dizer que não temos essa explicação. A grande quantidade de fatores que interferem sobre a ação e a deliberação, desde a necessidade material às necessidades psicológicas e simbólicas inviabilizam, penso eu, uma explicação no sentido lógico-metafisico como estamos acostumados. O amor é uma palavra que usamos para legitimar nossa dedicação a algumas pessoas pessoas mesmo a custa de prejuízos para nós; Bem poderia, por outro lado, ser considerado também uma loucura e um disparate causar uma dor ou abrir mão de um gozo por outro indivíduo. Mas somos assim, na maioria das vezes, e outras pessoas também o são e por isso nos sentimos legitimados nesse nosso comportamento, mas isso é apenas uma questão estatística.
O fato é que não sabemos se há ou não limites, regras e fatores determinantes para o comportamento dos indivíduos, nem como o trabalho, a história e o quotidiano destes interage com as suas escolhas e preferências. Mas vivemos em uma sociedade que precisa de seus mitos para conseguir coexistir. Um deles é o da "normalidade psíquica" o outro é o que que qualquer ser humano sadio só age com propósitos racionais". Ouvi dizer que depois de certo tempo na corporação ou no exercito alguns policiais e soldados passam a ter uma espécie de compulsão gratuita pela violência e até mesmo pelo desejo de matar. Mas se a sociedade precisa de soldados e policiais o que fazer? Bom, o melhor é acreditar que os indivíduos que praticam tais atos são doentes e casos a parte.
(...) Não importam as explicações, precisamos seguir vivendo.
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