Eu corro pelas ruas despido sob olhares que enxovalham, acossado pela vergonha que não poupa transeuntes, semáforos fechados, vizinhanças temerosas e o assassino que habita ao meu lado perturbando meu jardim.
Vejo oceanos negros onde bóiam nossos mortos, nossas casas de madeira se erguem sob a lama, escombros de sentença abraçam nossas vidas e eu tento me erguer e formular uma resposta que escoa entre meus lábios e tomba no silêncio e no vazio.
Boca costurada,
seráfico mistério,
amor de impotência,
compaixão universal por uma totalidade inexistente,
mahakaruna do absurdo,
Buda deserdado, sexo rasteiro gritado pelas ruas fode, trepa, tabaco, corno, puta, cachorra,Buceta,
Violentamente, violentamente, violentamente.
E seguimos cegos sem parâmetros para mensurar o nosso equívoco achamos gasolina, penduramos os sapatos e construímos setas pontes e embrulhos para conter a inquietude faminta que revolve entranhas derruba os governos e empunha armas
parado aí filhodaputaquevouteestouraracabeça
todos querem ver, todos querem... participar.
E a vida segue em seguida definhando até o gran finale tedioso ou o esmagamento súbito.
E ninguém pode se esquivar
E ninguém pode se esquivar
e
ninguém
pode
se
esquivar.
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