O panorama politico, intelectual - cultural brasileiro oferece tanta variedade quanto nossa fauna. Nesse quesito podemos nos orgulhar de ser a maior democracia da América latina, não só em tamanho mas também em variedade. vejamos algumas características desta nossa diversidade tão original . Começarei pelos políticos: como é normal no imaginário cultural de um pais que ainda não livrou-se de sua tríplice herança católico-tribal-feudal, no Brasil a actividade politica é exercida com um espírito muito pouco profissional. Politica, na maioria dos casos, é uma prática sacerdotal, esotérica, envolta em uma aura de mistério, onde os "irmãos da ordem"(do dinheiro) protegem uns aos outros, enquanto o público que os elege e é por tais sacerdotes surrupiado cala-se e venera como convém fazer em assuntos religiosos. Ou então desdenha destas pessoas (como nossos avós faziam pelas costas dos padres ao final das missas) mas sem fazer nada de positivo acerca delas.
Com relação ao panorama cultural a variedade é tão grande que eu precisaria escrever mas do que já fiz até aqui nesse blog e não conseguiria tal façanha, vou citar apenas alguns poucos elementos desta. Quem já morou em um subúrbio pobre de Salvador vai entender do que falo. O primeiro aspecto que quero ressaltar é a falta de preocupação com o próprio destino. Os jovens vivem até a maturidade na casa dos pais e se as oportunidades são poucas, por razões que conhecemos bem, eles as tornam ainda menores com algumas inclinações nada pragmáticas. A primeira delas é o ancoramento no solo materno e paterno. Fico bestificado como os jovens que tenho conhecido nas periferias reluta em sair dali. Os vínculos familiares ancoram os indivíduos em seus lares, os vínculos sociais estimulam a repetição, a padronizarão e as vezes as únicas opções possíveis são: tornar-se protestante, criminoso, pai de família sub-remunerado ou militante de esquerda. Isso sem falar das contradições inseridas em nossas praticas comunicativas, o machismo ralaaxerecanoxão, o pessimismo nadavalenadafoda-seosistema e etc, etc, etc.
Com a intelectualidade brasileira não é diferente. Ainda mal recuperada da embriagues do idealismo marxista (muito necessária em certas circunstâncias) saudosa do encantamento medieval e rancorosa em relação a vida mediana, nossa vida intelectual nos oferece um curioso (mas nada novo) painel. A critica pela critica, a pouca disposição em assumir demandas realizáveis, a compaixão pelas massas mas sem sequer sonhar em ocupar as mesmas fileiras que essa mesma massa que pretende defender. Além disso existe a ideia de que ser intelectual é ser critico, radical e profundo. Valores que o cristianismo já havia incorporado ao seu catecismo.
Enfim, ficaria listando essas e outras manias por horas, mas basta olhar para os lados para perceber que nem conseguiria fazer a metade deste imenso trabalho.
2 comentários:
Há uma covardia geral ante a PRÁTICA. Todos se arvorando sob ideologias várias, e negando-se renitentemente a FAZER. É o famoso "Tá bom, mas tá ruim. Tá ruim, mas tá bom..."
KEEP ON BURNING!!!
Todos platônicos até a medula. Inclusive os auto-intitulados "Anarquistas".
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