quinta-feira, abril 02, 2009

O confronto (fragmento III)

Coloco os óculos, o boné pego as chaves e estou pronto para a loucura de de novo. No leito ela ainda dorme enroscada na almofada com um sorriso iluminando sua face linda. Pois que repouse enquanto puder, ao despertar cada um de nós que atender as reivindicações do horror. Desço pelo elevador social e o porteiro me cumprimenta desconfiado, a viatura com outros agentes me espera na saída do prédio. Eu sei o que as pessoas pensam sobre os policiais. Em sociedades virtualmente guerreiras soldados são venerados. O lavrador, o comerciante e até mesmo o religioso; Todos eles sabem que suas vidas dependem do trabalho insalubre daqueles homens estranhos. Mais meus vizinhos me temem pois a guerra que eu travo não está na fronteira, eu a trago para o batente de suas casas, porta adentro de seus lares. Eles temem a nossa face obscura que comunga com um lado da vida que gostariam de esquecer, mas invejam o fato de exercermos legalmente a violência que só lhes cabe dentro de limites. As putas balançam suas bolsas ao passarmos pela rua 28 para estourar mais uma boca de tráfico. è claro que já fodi umas duas ou três nessa região, mas as da orla são melhores, menos arriscadas e de farda elas sugam um sujeito sem cobrar pelo serviço. Mas porque foder algumas putas quando as gatinhas da universidade, doces e suaves oferecem suas vaginas, seus seios, sua alma diante da nossa farda e do nosso distintivo?
Somos recebidos a bala na subida da favela. A chuva assassina desce sobre os carros e os blindados adotam as posições de guerra. Alguns grãos de poeira serão soprados para longe hoje. Como um sedento amante empunho meu fuzil, desço da viatura como um raio e antes de me dar conta disso já estou espremendo o gatilho satisfeito. Esse é o meu trabalho.

Um comentário:

Snow disse...

Lendo, fiquei pensando nas policiais femininas...
A doçura se perdendo na arma. Dura.
O cabelo preso pela máscara, pelo apito, capa(cete), cacetete...
A farda escondendo as curvas...

À noite chega em casa cansada trazedo o pão pros filhos, o beijo pro marido...
À bala.

Abalada.