O que ainda não foi dito sobre
A tristeza?
Que ela tem a face de anjo?
Que bebe da seiva do que poderia ser
Uma chance?
Esparramada pelas paredes se estende como
Um manto verde de limo
Onde leio a palavra:
Acabou.
Meus dedos cansados não correm
Velozes a traçar sobre o papel
Minha vida
Minha mente aturdida não acompanha
O raciocínio do sábio,
Meu coração orgulhoso não se acovarda
Diante do precipício.
O vinho me recebe, última dádiva
Para um condenado,
Última cartada para quem já nasceu
Sem futuro.
O que ainda não foi dito sobre a dor?
Que ela é uma foice sem brilho?
Que podemos abraçá-la e morrer?
Escoando pelos cantos de mim
A seiva do amor me abandona
Minha crença no mundo apodrece
Sinto vergonha de dar esmolas
E não espero mais nada de meus irmãos.
Um cachorro sem uma das patas é a lição
Que eu quero.
Um bebezinho mutilado é a resposta precisa
Para que possamos despir-nos da esperança,
Da meta e do propósito,
E simplesmete beber nosso vinho em silêncio
Enquanto tudo permanece cruel
E sem som
Assim seja.
Um comentário:
Retribuindo a visita à minha casinha... Passarei mais vezes! Trarei bolo e café.
Postar um comentário