sexta-feira, dezembro 16, 2011

Sonata noturna durante o assassinato de um cão.

A raiz da maldade não está nas ruas,
Não está na arma do criminoso
Não está na bomba do suicida
Não está nas manchetes do telejornais
Não está nos presídios.
A raiz da maldade não pode ser vista
Repousa silenciosa sob a superfície
E algumas vezes seus ramos
São lançados na luz de um dia
qualquer.
Nas famílias, nas casas, nos casamentos,
No amor, nas tristezas que cultivamos dia a pós dia
Pois nosso sofrimento possui um sabor
Tão sutil.
A escuridão prevalece em silêncio,
Camuflada por razões que nós temos
e sua natureza definitiva
É maldade.
Uma dona de casa, um pai, um amigo,
Uma paixão, uma ânsia, um incômodo,
Um propósito
Maldade
Maldade
Maldade
Está aqui
Está aí
e precisamos conviver desse jeito.
Talvez ela nem mesmo exista
De tão perene e espantosa
Tão sólida, densa e exata
que explode para dentro de si
e desaparece quando tento
tocá-la.
Perfil de lutos e estragos
Corda em que equilibro
Meu ser.

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