A noite quente de sábado ,em um verão que agita as pessoas e as arranca de suas casas também me arrasta, me traz até a rua 18 e seus bares barulhentos ,seus pedintes deformados pela maldade que nasce da miséria. Mas nem sempre. Eu ando por essas ruas de pedra antiga onde ainda se pode ouvir o eco dos escravos desgraçados e dos índios atormentados diante da coroa e suas perversões. Vou por vários quarteirões fumando e observando , esperando o cansaço ou o motivo aparecerem para entrar em algum bar e beber algo . Aqui as garotas tentam ganhar a vida como podem , cada uma diferente e por motivos diferentes vem aqui , ao centro histórico dar o corpo ao deleite alheio por trocados, objetivando a subjetividade alheia enquanto objetivam a própria subjetividade , um corpo espiritual e volátil de afeto tecido com a bruma de um futuro raramente cogitado.
Resolvo entrar em um barzinho sem musica onde um velho taverneiro serve doses de cachaça guardada em pequenos barris, ele as serve no balcão de madeira onde fileiras de bebuns se encostam e sorvem o liquido claro para regar com luz a alma escura. Eu também peço uma dose para a minha. Enquanto espero pelo meu quinhão de paraíso eu penso na queda e no encontro, na perda da inocência e no prazer angustiante de pensar, recordações de Blake e relatórios para a academia sobre um Stirner que nunca entendi, e por isso não fui admitido. Que tudo se opõe, que viver é uma permanente impermanência, que o gozo é o motor da ponte móvel entre as pessoas , que a compreensão é produzida como a bílis do meu fígado... Minha dose chega e eu a viro em um só gole e peço outra. O fogo da verdade química queimando minha garganta e um feminino anjo negro me olhando do outro lado do balcão. Ela conversa com um sexagenário mais calvo que eu e provavelmente mais abastado também. Sua pele escura, seu lábio grosso, seus seios fartos que me agitam o sangue e uma ternura infinita que me acena de seu riso despojado. Ela pede licença e se afasta de meu concorrente mais idoso, sou solidário para com a marca da idade, mas nesse caso meu desespero se impõe.
Ela sai do bar e eu a sigo, até pararmos em uma barraca cigarros- um maço de malboro- Ela pede- É um cigarro forte para um lábio tão suave - eu comento em seu ouvido e ela sorri olhando - me nos olhos com um atrevimento que me faz gelar com as possibilidades. –Podemos dar uma volta? - pergunto e ela responde afirmativamente com um gesto de cabeça.
Andamos varias quadras fumando e falando sobre nossas vidas. Entramos em outro bar e entornamos mais algumas cervejas. Beatriz: uma vida na favela e 6 irmãos,filhos de uma mãe solteira abandonada varias vezes. Um riso amplo e forte, uma voz intensa como o brilho do sol ao meio dia e uma tristeza muda que nunca se acusa mais que está lá: o excesso de palavras para falar do que é obvio. Consumada a aliança de confiança e atração recíproca subimos para um motel que funciona atrás do bar. Seu corpo despido das peças arbitrarias do vestuário que a oculta se mostra para mim. A curva acentuada de sua bunda, o púbis levemente depilado, o seios coerentemente erguidos na carne consistente e seu gesto feminino de entrega...como um deus tomado pela graça transcendente eu a tomo de maneira suave e furiosa. Como esquivar-se as solicitações da carne? Como refutar as premissas da argumentação do gozo? Como não admitir a compreensão profunda que nasce de uma união sem exigências entre um homem e uma mulher?
Invadi beatriz com calma e profundamente arrancando-lhe suspiros e gemidos finos como vidros se partindo, lutamos desesperadamente na copula louca, na busca da fonte que mataria nossa sede e nossa fome. Cada penetração uma corrente elétrica de realização e força, cada movimento dos quadris de beatriz uma iluminação instantânea e uma redenção do ego, até atingirmos o ponto Maximo em que seu corpo se contorce como uma enguia louca, com a tensão dos músculos e um grito fino no mesmo instante em que me esvaio dentro de suas pernas em uma torrente de gozo quente. Na ternura do momento que se segue desfilam em minha mente as cenas da vida solitária que me espera do outro lado da porta , e eu peço para beatriz que fique do meu lado, mas ela diz que não, e se cala. A fumaça de meu cigarro dança na escuridão do quarto e o silencio interrompido apenas pelo rumor da rua lá embaixo são minhas únicas percepções do mundo por vários minutos, até seu soluço abafado explodir baixinho. Eu abraço Beatriz com força e não digo nada, mas entendo profundamente sua convicção.
Resolvo entrar em um barzinho sem musica onde um velho taverneiro serve doses de cachaça guardada em pequenos barris, ele as serve no balcão de madeira onde fileiras de bebuns se encostam e sorvem o liquido claro para regar com luz a alma escura. Eu também peço uma dose para a minha. Enquanto espero pelo meu quinhão de paraíso eu penso na queda e no encontro, na perda da inocência e no prazer angustiante de pensar, recordações de Blake e relatórios para a academia sobre um Stirner que nunca entendi, e por isso não fui admitido. Que tudo se opõe, que viver é uma permanente impermanência, que o gozo é o motor da ponte móvel entre as pessoas , que a compreensão é produzida como a bílis do meu fígado... Minha dose chega e eu a viro em um só gole e peço outra. O fogo da verdade química queimando minha garganta e um feminino anjo negro me olhando do outro lado do balcão. Ela conversa com um sexagenário mais calvo que eu e provavelmente mais abastado também. Sua pele escura, seu lábio grosso, seus seios fartos que me agitam o sangue e uma ternura infinita que me acena de seu riso despojado. Ela pede licença e se afasta de meu concorrente mais idoso, sou solidário para com a marca da idade, mas nesse caso meu desespero se impõe.
Ela sai do bar e eu a sigo, até pararmos em uma barraca cigarros- um maço de malboro- Ela pede- É um cigarro forte para um lábio tão suave - eu comento em seu ouvido e ela sorri olhando - me nos olhos com um atrevimento que me faz gelar com as possibilidades. –Podemos dar uma volta? - pergunto e ela responde afirmativamente com um gesto de cabeça.
Andamos varias quadras fumando e falando sobre nossas vidas. Entramos em outro bar e entornamos mais algumas cervejas. Beatriz: uma vida na favela e 6 irmãos,filhos de uma mãe solteira abandonada varias vezes. Um riso amplo e forte, uma voz intensa como o brilho do sol ao meio dia e uma tristeza muda que nunca se acusa mais que está lá: o excesso de palavras para falar do que é obvio. Consumada a aliança de confiança e atração recíproca subimos para um motel que funciona atrás do bar. Seu corpo despido das peças arbitrarias do vestuário que a oculta se mostra para mim. A curva acentuada de sua bunda, o púbis levemente depilado, o seios coerentemente erguidos na carne consistente e seu gesto feminino de entrega...como um deus tomado pela graça transcendente eu a tomo de maneira suave e furiosa. Como esquivar-se as solicitações da carne? Como refutar as premissas da argumentação do gozo? Como não admitir a compreensão profunda que nasce de uma união sem exigências entre um homem e uma mulher?
Invadi beatriz com calma e profundamente arrancando-lhe suspiros e gemidos finos como vidros se partindo, lutamos desesperadamente na copula louca, na busca da fonte que mataria nossa sede e nossa fome. Cada penetração uma corrente elétrica de realização e força, cada movimento dos quadris de beatriz uma iluminação instantânea e uma redenção do ego, até atingirmos o ponto Maximo em que seu corpo se contorce como uma enguia louca, com a tensão dos músculos e um grito fino no mesmo instante em que me esvaio dentro de suas pernas em uma torrente de gozo quente. Na ternura do momento que se segue desfilam em minha mente as cenas da vida solitária que me espera do outro lado da porta , e eu peço para beatriz que fique do meu lado, mas ela diz que não, e se cala. A fumaça de meu cigarro dança na escuridão do quarto e o silencio interrompido apenas pelo rumor da rua lá embaixo são minhas únicas percepções do mundo por vários minutos, até seu soluço abafado explodir baixinho. Eu abraço Beatriz com força e não digo nada, mas entendo profundamente sua convicção.
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