Eu não sou um escritor. Um escritor tem um plano, uma técnica, um discurso. Um escritor tem uma visão geral de mundo que ele tenta tornar concreta através de suas palavras. Um escritor tateia, anda as cegas no mundo, esbarrando nas obrigações que ele impõe, tentando delas se esquivar porque ele sabe que tem que escrever, e algumas vezes, sabe até “o quê” ele tem que escrever. Um escritor tem uma linha estável de temas e de formas. Ele acha que encontrou a maneira mais digna e apropriada de escapar da morte que nos ronda a todos. Quem se afeiçoa a um escritor, abre um de seus livros e sabe mais ou menos o que vai encontrar. Não, eu acho que não sou um escritor, eu sou mais parecido com um lutador de boxe. Sei que as pessoas que tem na leitura um prazer ou um ideal, que suspiram e se elevam ao ter um livro diante do olhar, não gostarão dessa comparação. Sei também que algumas pessoas em geral consideram o boxe uma barbárie, uma estupidez que deveria ser abolida do cosmos. Eu também acho. Mas e o funcionário da empresa de limpeza que recolhe nosso lixo? E o policial que todo dia oferece o peito às balas? Não deveriam essas profissões serem extintas? Mas elas servem aos nossos interesses, e é isso que está em jogo ao condenar o boxe, portanto eu não condeno.
Concordo com o velho F.X. Toole quando ele disse que o boxe tem algo de contrário a natureza. Quem sobe em um ringue ao invés de fugir da dor, vai de encontro a ela. Ele avança na direção do medo, fixa as pupilas no que lhe pode destruir, balança e se move ao invés de ficar petrificado pelo horror. Concordo também com Myke Tyson. Quando sobe em um ringue, todo homem tem um plano, até levar o primeiro soco. Eu procuro não ter planos. Sigo de pé, observo o que está acontecendo e tento reagir a contento. Mantenho-me em sincronia com as imposições do agora, sobrevivo como posso e registro tudo em um limbo não pensado que vai se transformar em palavras para rebater o ataque geral das coisas. Também não tento me esquivar ao fato de que sou eu sobrevivendo como posso, berrando minha dor para suscitar aliados e forças ocultas que em mim mesmo. Se eu inspiro sei que a platéia irá me levar para frente. E se for útil para eles, tanto melhor. Seremos honestos e companheiros. Eu escrevo como quem luta, e convoco cada pessoa a viver as próprias lutas com o que escrevo. Por tudo isso eu acho que não sou um escritor, eu sou um lutador de boxe. Eu carrego a marca das pancadas e preciso olhar de frente o medo para colocar meu sangue no papel. Todo boxeador um dia cai. Todo lutador tem um adversário esperando para derruba-lo, tudo que ele pode fazer é adiar esse dia, e dar um espetáculo ao publico enquanto isso.
Meus contos falam sobre desemprego, solidão, crises conjugais, traições, morte, responsabilidade. Tento não ser doce nem repulsivo. Pretendo apenas vier meus dias e me manter desperto para não ficar imobilizado pelo medo. As vidas que relato são a minha vida refletida por mim mesmo, desdobradas em outros nomes que passaram pela minha história. Quando estou escrevendo eu só tenho a mim, e ao meu desejo de compartilhar e oferecer algo a quem está me confirmando ao ler o que eu escrevo. Eu espero estimular alguém a cantar seu próprio canto, a lutar sua própria luta: Eu sou um lutador de boxe!
Concordo com o velho F.X. Toole quando ele disse que o boxe tem algo de contrário a natureza. Quem sobe em um ringue ao invés de fugir da dor, vai de encontro a ela. Ele avança na direção do medo, fixa as pupilas no que lhe pode destruir, balança e se move ao invés de ficar petrificado pelo horror. Concordo também com Myke Tyson. Quando sobe em um ringue, todo homem tem um plano, até levar o primeiro soco. Eu procuro não ter planos. Sigo de pé, observo o que está acontecendo e tento reagir a contento. Mantenho-me em sincronia com as imposições do agora, sobrevivo como posso e registro tudo em um limbo não pensado que vai se transformar em palavras para rebater o ataque geral das coisas. Também não tento me esquivar ao fato de que sou eu sobrevivendo como posso, berrando minha dor para suscitar aliados e forças ocultas que em mim mesmo. Se eu inspiro sei que a platéia irá me levar para frente. E se for útil para eles, tanto melhor. Seremos honestos e companheiros. Eu escrevo como quem luta, e convoco cada pessoa a viver as próprias lutas com o que escrevo. Por tudo isso eu acho que não sou um escritor, eu sou um lutador de boxe. Eu carrego a marca das pancadas e preciso olhar de frente o medo para colocar meu sangue no papel. Todo boxeador um dia cai. Todo lutador tem um adversário esperando para derruba-lo, tudo que ele pode fazer é adiar esse dia, e dar um espetáculo ao publico enquanto isso.
Meus contos falam sobre desemprego, solidão, crises conjugais, traições, morte, responsabilidade. Tento não ser doce nem repulsivo. Pretendo apenas vier meus dias e me manter desperto para não ficar imobilizado pelo medo. As vidas que relato são a minha vida refletida por mim mesmo, desdobradas em outros nomes que passaram pela minha história. Quando estou escrevendo eu só tenho a mim, e ao meu desejo de compartilhar e oferecer algo a quem está me confirmando ao ler o que eu escrevo. Eu espero estimular alguém a cantar seu próprio canto, a lutar sua própria luta: Eu sou um lutador de boxe!
2 comentários:
interessante o seu blog, hilton. gostei bastante dos textos. parabéns.
Que porra é essa man, tá cáustico essa porra, corrosivo, crudelíssimo, e belo!!!!
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