quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Blog, auto critica e vaidade flatulenta.

Uma das criticas mais razoaveis a serem feitas a sociedade conteporanêa é a de que ela varreu da face terra a presença da auto-critica. Embora essa observação, por si mesma não seja suficiente para corroborar a tese de que vivemos os piores momentos da história humana, não posso deixar de apontar a guiza de sarcasmo os incidentes que nossa civilização tornou possivel. Um deles é crênça generalizada na natureza democratica do talento. Hoje em dia quase todo mundo acredita-se um artista habilidoso em alguma aréa. A musica é a mais requisitada entre os adeptos dessa crênça. Um rostinho bonito, tocar um instrumento, achar-se "diferente"uma herança artistica familiar e pronto: eis o cantor. Esse fenomêno é um tanto óbvio, não irei portanto deter_me nele. Quero falar de um outro, aparentado desse, mas que me diz respito de uma forma mais estreita. É o fenomêno da internet, e dos blogs em particular.


A internet permitiu que todos os indivíduos tivessem a possibilidade de expor o que produzem ao olhar de outros indivíduos, não importa a natureza dessa produção. Em consequência disso todos passaram a expor, e a querer ser visto. Mas quem iria ver, se todos querem expor? Logo surgiu a solução: as pesoas passaram a visitar os "my espace" "bloggs" e "orkut's" alheios a fim de serem notadas. Aqueles que eram visitados passaram a retribuir as visitas para manter a clientela. E assim todos garantiram olhares e seguiram acreditando que tinham algum tipo de talento em suas planas e óbvias pessoas. O plágio também tornou-se uma constante, e é desesperador perceber como as pessoas são semelhantes a buracos negros que de tão vazios acabam sugando tudo que vêem para tentar preencher-se e seguir acreditando que têm substancia. Eu citaria nomes, mas isso não seria elegante. Todavia é deprimente ver indivíduos tentarem corroborar as próprias auto-imagens através do plágio, da bajulação e do auto engano . É claro que a internet, assim como nossa sociedade, proporciona tantas possibilidades interessantes e ricas que essa perda não chega a ser relevante. Demais, quem defende a democracia a qualquer custo como eu, não pode opôr-se ao livre exercicio da flatulência, mas também não posso deixar de expor o que registra o meu olfato.

4 comentários:

Rafael Medeiros disse...

[...]Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.[...]

Me veio à mente após a leitura. Abraço!

jorginho da hora disse...

É, além disso, a net tornou tudo tão comum e vulgar.
Por outro lado, a net mostra tambem que escrever bem não é algo tão extraordinário assim como se pensava antes. Percebi que alguns escritores sentiran-se meio incomodados com esse fato explicitado pela internet.

Rafael Medeiros disse...

Concordo com Jorge. Não boto muita fé na Musa, ou Dom. Escrever bem decorre de sentar a bunda na cadeira, ler muito, e, bem...escrever, escrever, escrever. Eu ainda tenho esperança de encontrar um certo acuro no que escrevo, mas no momento acho que ainda há na minha pena algo de tentame, de investida contra o muro.

Rafael Medeiros disse...

Perdoem-me o deslize. Meu primeiro post é um trecho do poema "Tabacaria", de Fernando Pessoa(Álvaro de Campos).