sábado, março 28, 2009

Vomitório reflexivo de um profeta aposentado

Senhores, venho até vós comunicar-vos o manifesto definitivo do direito a ser singular em oposição aos velhos celebralísticos processos, religiosos e medianos de apenas estar sob a face da terra para depois desaparecer sob as cortinas indevassadas, sob as coisas gerais que nos tocam sem sabermos .
Venho até vós enaltecer-vos pela grandiloqüência dos supermercados, pela futilidade dos vossos pensamentos, pela inutilidade das letras que escrevestes enquanto a garra arrasava vossa polpa tenra de imaculada consciência.
Quero agradecer-lhes, sobretudo, por quase coisa alguma, pois sou reticente, quero elogiar-vos por engravidar crianças, por antecipar a dor, por fazer a própria criança acreditar que deve engravidar, que não há espaço sobre a terra sem calça Saint-trópé, beijo na boca internet, sexo rala a xareca no chão, favela ê favela, favela eu sou favela, nos subúrbios para substituir a fome .
Apenas bandeiras, clamores, bandos, foices, edifícios, o capitalismo deve cair, morte a burguesia, que venha Jesus meu todo poderoso, esperando pela definitiva mão do acaso, desertificação absurda que cavalga na noturnidade seca de preâmbulos rochosos, sem a noção exata de sua finitude cada um prossegue com seu dom justamente adquirido
De comparar-se
De acusar como dedo fétido
De viver voltado para fora
As escarradas que chamamos decisões perpetuam nossa ofensa
E seguimos sorridentes acrescentando nossas razões ao panorama indiferentemente lúcido de milhões de estrelas.
E isso é o que somos.

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