terça-feira, maio 26, 2009

Anamnése

Facas pontiagudas e a pressão adjacente de paredes cada vez mais próximas. Meu pensamento. Permanentemente atemorizado pela loucura dos meus chefes ou pela inanição de meu passado, e eu já não sei. Talvez a chama do desejo acossando a posse e a falta de uma couraça para insensibilizar contra a reverberação do mundo. Ação e reação. Todos estão na chuva, mas é possível que eu tenha saído sem a minha capa. O poder é a crueldade, o êxito é a crueldade, o planejamento, a meta, o anêlo recoberto da dourada poeira da auto-comtemplação estetico-moral é redundantemente…crueldade. Vejo a neurose em seus olhos, a fome em cada gesto, o poder que precisa ser exercitado e testado a cada novo evento decisório onde se consumam as definidas posições. A lingua exercita-se em direção ao dente estragado procurando pela sensação agradavel de saber-se sensitivo através do atrito e da fricção. E o poder é fricção. O poder é a densidade conferida pelo contato com aquele que se vira como pode. “Tens respeito pelo fardo!” Disse um dia Napoleão a uma bela cortesã que maltratara um estivador. mas o peso que o fardo traz, e sensação de vida que provêm do esforço, não se compara a sensação quente que emana do poder. É preciso desaperecer diante desse olho infame. É preciso escorrer para fora das contradições. O esmagamento precisa cessar de maneira radical desfazendi a mania visual, a submissão alheia, o êxito de nossas virtudes e a perda do momento inefável em que poderiamos estar LÁ.
O poder.
O poder.
O poder.

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