Com uma afiada faca de prata
Fatiei a parte bonita da minha vida
Atirando-a em seguida aos ratos.
A chuva molhando o jardim
Ainda existem nascimentos e mortes
Mulheres com flores e janelas
De brilhante metal fabricado.
Mas minhas raizes hoje
estão tocando algo profundo
Um solo de mangue que nutre e sufoca
Uma maré e casas de dor
Flutuando sobre pedaços de sonho.
Meu girassol se corrompendo
Meu pobre girassol que brilhou
Nas noites de meu desespero
E hoje se confunde com as chagas
E hoje se parece com a treva.
Fui eu mesmo quem fatiei minha vida
Fui eu mesmo quem a atirou aos ratos
Em um gesto de covardia
E pudor.
Arrasto comigo esse selo
De errante judeu desgarrado
E isso não é poesia.
3 comentários:
Poxa que triste e belo, e a sinceridade contida nele é devastadora.
EVOÉ AHASVERUS!!!
"Eu escrevo para mim mesmo, e para pessoas esquisitas". GERTRUDE STEIN
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