domingo, março 21, 2010

Faca de prata.

Com uma afiada faca de prata

Fatiei a parte bonita da minha vida

Atirando-a em seguida aos ratos.

A chuva molhando o jardim

Ainda existem nascimentos e mortes

Mulheres com flores e janelas

De brilhante metal fabricado.

Mas minhas raizes hoje

estão tocando algo profundo

Um solo de mangue que nutre e sufoca

Uma maré e casas de dor

Flutuando sobre pedaços de sonho.

Meu girassol se corrompendo

Meu pobre girassol que brilhou

Nas noites de meu desespero

E hoje se confunde com as chagas

E hoje se parece com a treva.

Fui eu mesmo quem fatiei minha vida

Fui eu mesmo quem a atirou aos ratos

Em um gesto de covardia

E pudor.

Arrasto comigo esse selo

De errante judeu desgarrado

E isso não é poesia.

3 comentários:

deni disse...

Poxa que triste e belo, e a sinceridade contida nele é devastadora.

Rafael Medeiros disse...

EVOÉ AHASVERUS!!!

Rafael Medeiros disse...

"Eu escrevo para mim mesmo, e para pessoas esquisitas". GERTRUDE STEIN