quinta-feira, março 04, 2010

Tratado de rendição incondicional e afeto.

Calar o grito nos lábios
E o impulso de auroras que treme em teu peito
Irá lhe garantir a passagem
Para o mundo estável onde vivem as pessoas.
Irá abrir a senda perdida
Para laços e braços, camas e tetos
Para escadas de farpas fincadas na segurança
E no amor.
Calar a fome que trazes contigo,
essa palavra sincera
Esse anseio sem nome
Te dará um casa,
Uma mulher,
Um trabalho
E alguns amigos hipócritas para repartir a derrota.
Isso te colocará de novo na roda
e se fores assim,
sempre assim
quem sabe,
te será perdoada tua pretensão de estar vivo.

Se calares esta voz em teu peito,
Se estrangulares com ódio tua fé,
Se lançares ao lixo a polpa ingenua
De seu gozo inconstante
Poderás ostentar no teu peito
A divisa de marido e cristão.
Já não terás medo das ruas,
do fracasso,
da solidão,
Dos domingos e
Do suicídio.
E em troca de seu medo
Em troca de sua experiência gozoza
Aberta ao presente
Te darão a certeza
O fim
E a sombra.

Um comentário:

Rafael Medeiros disse...

Não tem mais jeito. A cultura policial tomou conta das consciências. Cada homem traz em si um implacavel robocop.(que o diga o cara que cortou o proprio pau...).