Em 89, quando a maioria dos garotos da minha idade estavam divertindo-se com as partes mais interessantes da vida eu estava completamente atordoado por não saber o que ia comer no dia seguinte, e pior, por saber que não havia com quem contar para resolver esse problema. Foi quando conheci a Jane. Uma cristã mitomaníaca que viva de fantasiar a própria vida e contar coisas impossíveis sobre o próprio passado. Por exemplo: ela dizia ter tido um ex-namorado que era ao mesmo tempo almirante da marinha, faixa preta de caratê, dono de uma grande fabrica e tinha uma casa no méxico. Além disso Jane também era uma ninfomaníaca moralista e a cada acesso de furor sexual incompleto sobrevinha uma maré de culpa de auto-punição religiosa. Foi assim que eu inaugurei minha vida sexual com as mulheres. Para um sujeito mais pobre que a média da miséria do bairro miserável onde vivia era muito difícil arranjar uma garota minimamente sadia. Uma coisa muito insólita e triste. Isso tudo me empurrou durante um tempo para uma atitude mais ressentida e mística durante um tempo. O amor é uma coisa perigosa quando não se tem algumas cartas na manga, quando se está tateando as cegas e não se aprendeu ainda que não há escolhas sem um preço.
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