sábado, agosto 28, 2010

Nem Jung explica

Cheguei em casa quebrado. A cabeça e os olhos doíam porque a lente direita do meu óculos estava arranhada. Joguei uma água no corpo e entornei meia garrafa de vinho que estava sobrando na geladeira. A casa vazia, a mulher no trabalho e meu vizinho pouco sapiente com o rádio desligado, sem ouvir reggae ou samba. Na televisão era mais do mesmo. Nada que pudesse servir para uma punheta. Mesmo assim consegui arrancar uma das boas, minha memória nunca me deixou na mão, ou melhor, sempre me deixou. (Hehehe) Tombei na cama e comecei sonhar. Eu estava voando. Lá embaixo as pessoas me apontavam e riam. Eu não achava graça nenhuma. Estava de camisa e sem calças e um vento noturno bem friozinho me gelava os testículos. Atravessei algumas ruas assim, feito um balão imbecil balançando pra lá a para cá sem saber de porra nenhuma. Ao chegar a uma auto estrada na saída do bairro onde cresci um vento mais forte me jogou nos fios de alta tensão. Levei um choque dos diabos e acordei com a lateral do corpo doendo. Levantei, era já madrugada e do meu lado a patroa dormia. Levantei, fumei um cigarro e abri a janela. Tudo parado. As pessoas agora também acertavam as contas com suas pegadas. Tudo me pareceu frio e distante. Vago. A substancia do mundo tinha o gosto de algodão doce sem açúcar. Tudo é muito engraçado, mas eu não rio. E você?

3 comentários:

Enzo de Marco disse...

EU TB ME PONHO A RIR , RIRI DE TUDO ISSO, NÃO COM UM AR DE DESPREZO, MAIR RIR COM UAM CERTA LEVEZA , DE PERCEBER QUE ISSO TUDO É UMA GRANDE PIADA, UMA MERA E BOBA PIADA ( wACTHMeN)

adriany thatcher disse...

hilton, este poste me fez lembrar de um texto... e fiquei horas folheando, folheando, até encontrar:

"porque esse talvez seja o único remédio quando ameaça a doer demais: invente uma boa abobrinha e ria, feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca o sentido e fique tão ridículo que só sobra mesmo a vontade de dar uma boa gargalhada".

- caio fernando abreu in: pequenas epifanias

Anônimo disse...

"A substancia do mundo"

Não é frágil,
não é insigficante,
não é passageira,
não pode ser tocada

Não tem uma forma
não sente dor
não se extingue
tem a vida e a morte

Não muda nunca
mas pode matar
não muda nunca
e é real

Para eu sorrir?
ás vezes só depois
bem depois que acabou tudo
e o tudo não mais existe
mas isso não é certeza de eu rir (rsrsr)

Sombra Ovóide