terça-feira, janeiro 10, 2012

Eu sinto.

Não sinto saudade dos meus
dias de infância,
não sinto saudade.
Das horas tristes inventando brinquedos,
do abandono no quarto onde iriam
Me arrancar as amídalas
Da visita breve da mãe
Com um carro de bombeiros de plástico
Muito mais falso que a obrigatória
Visita
Não sinto.
Não sinto saudade,
Da mocidade,
Da puberdade sem namoradas
Ou sonhos,
Da vagabundagem sem destino
Ou honra
Dos amigos fracassados e parvos
Tão decaídos que conseguiam
Me ter por herói.
Não sinto saudade.
Não sinto saudade dos arcanos,
Dos mistérios inefáveis dos anjos,
Do sentido ideal de ser pleno
Da compreensão telúrica do nada
Daquela miséria travestida de luz.
Eu
não
sinto...
Meu passado é algo que tento
inventar de outro jeito
para saber que fiz o melhor.
exceto por um breve intervalo sem tempo
tocado pela mão do acaso
iluminado pelo poder do seu riso,
pela harmonia do olhar
Do conforto infinito do abraço
Da melancolia que confortou
Meu cansaço
Eu sinto
Que de algum modo inefável
Tudo aconteceu por você.

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