domingo, janeiro 22, 2012

Porque as ruas estavam dançando quando eu saí do espelho?

Porque as ruas estavam dançando
quando eu saí do espelho?
Mãe, eu que havia estado estado contigo
enquanto perdida entre os caminhos da alma
você não me sorriu
ou notou.
Cinderela costurada entre sondas
também não compreendi
seu amor.
Eu possuía apenas minhas pernas,
meu fardo, algumas moedas,
cigarros,
e um passado sem canções
de ninar.
Eu apenas andava entre os carros,
apenas tinha vergonha do choro
apenas odiava tanto a Deus
que a face da terra incomodava
minha pele.
Eu não era um homem,
eu não estava entre os outros,
havia depositado minha senha
sobre sua testa
partida.
Sobre esse estranho cuidado opaco
sobre o recipiente vazio
de onde escapam gemidos.
Eu não era um homem,
eu nunca fui um menino,
eu sempre escorreguei entre os
cantos
tentando evitar novas dores.
Eu tenho pena dos postes,
eu lamento pelo sorriso
das putas
eu me devastaria sorrindo
para aniquilar da existência
essa coisa que se perpetua
entre espasmos.
Eu pensava, soluçava e sorria
em meio a frenética rua
que procurava me conter e domar
enquanto você comtemplava
o Lobato,
Periperi,
e remédios,
tudo seguindo sem rumo, sem flores,
como um rio entorpecido no inverno.
Alguma coisa em meu peito
espera
algo aqui dentro ainda pode
partir
enquanto lhe olho e reflito
e o mistério do mundo
é solidão minha mãe.

Nenhum comentário: