Existe uma fenda fétida que se abre
Nas madrugadas
Uma sensação de abismo que me acompanha
Sem redenção
Um pouco semelhante aos recessos de um
Outono
Folhas partidas e flores
De plástico sobre um caixão.
Tenho tantas canções que não posso
Nem sei compor
Pesos de muitos anos, labores de judeu errante
Afagos estrangulados e margaridas
Materialistas
e muitas palavras doces para
substituir o amor.
Nos meandros de minha escolha
Surpreendo alguns meninos,
Atalho velhas bondades que se fizeram
Malvadas,
Bebo na escuridão do meu veneno nocivo
E morro sem novidades
Sem pai,
sem mãe,
sem amor
Sem nada.
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