terça-feira, janeiro 03, 2012

Sobre flores e guerrilhas.

Se o azul do céu tivesse som
E Se eu absorvesse a lição das rochas
Poderia haver compreensão
Para o sentido desses dias
e eu poderia esquecer tudo que houve
E seguir como seguia sem saber de ti.
Extático, informe e complacente
Mastigando a medula dos momentos
Para tentar sobreviver.

É certo que tens suas razões
É razoável que as estrelas queimem
que os vulcões consumam
que a substância do universo seja
furiosa.
Mas estou exausto...
E no que deveria ser e foi oásis
Não suportei encontrar mais aflição.
Pois eu cheguei inadequado, trôpego
E cansado
E você foi brisa, completude e brio
Sensação de aurora e fruta fresca
Madurês perfeita para saciar
No estio.

Mas os campos foram devastados
E minhas crianças calcinadas
Viram a madrugada aparecer em meio
A gritos.
Meu terror insone, teu peito destroçado,
Sua expectativa morta, meu pobre anelo
Enlameado por palavras de desdém.
Eu sei que me tens por homicida
Irmão de porcos, devorador,
Mas eu de ti só levo gestos soltos,
Desconexos;
Visões de mortos, luta armada,
Paz de afeto, lições de amor.

De tudo isso, não sei o que ficou
como pode a primavera suscitar vulcões?
como pode a lei das flores degolar bebês?
Pasmo eu sigo com essas questões
nessa hora fúnebre em que a luz se apaga.

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