terça-feira, dezembro 30, 2008

Inferno

Somos nós quem levantamos os muros de nosso próprio inferno. Esse muro é feito de um cimento brilhante e desejavel, que continuamos a venerar mesmo depois da parede erguida, e enquanto gritamos contra nosso tormento não percebemos que boa parte de sua estrutura é composta do mesmo material que alimenta nossos sonhos. Queremos atingir nossas metas, mas não queremos assumir a consequência de nossas metas. Queremos uma mulher peituda e bunduda mas não queremos uma mulher superficial e chata. Queremos um(a) parceiro(a) fiel e dedicado(a) mas não queremos ser objeto da possesividade de alguém. Queremos alguém que não tenha ciúme e não seja possesivo e não queremos que essa pessoa sinta-se livre para desejar outras pessoas. Absurdo. Como se os sentimentos humanos pudessem brotar da magia, do milagre, da rendição incondicional a nossos encantos. Como se todos os atos humanos não se originassem de uma mesma postura a respeito da vida. Queremos o alcool sem a ressaca, o sexo sem o cansaço, dinheiro sem trabalho, inteligência sem desgastante estudo, fidelidade sem possesividade...em sintese, a vida sem consequências. E quando as consequências se apresentam, como grandes crianças mimadas que somos, batemos o pé, damos chilique ou até ameaçamos suicidio. Queremos que a vida seja gratuita e que nossas escolhas não tenham um preço. E que as coisas que elegemos como as mais desejaveis não venham com algum tipo dissabor. Deve-se isso a nossa educação religiosa, pois a religiosidade estimula a irresponsabilidade. Estamos lançados ao mundo e a ele reagindo e quer aceitemos isso ou não, o que consideramos bom ou mal é a nossa resposta para a pergunta fundamental: "o que queremos nos tornar?"Penso que é impossivel responder a essa pergunta sem ter que pagar por ela de alguma maneira. E somos nós mesmos que iremos cobrar. Ainda não encontrei sobre a terra um só individúo que não tivesse queixas sobre seu modo de vida, e no entanto, quem mais poderia ser responsavel pela vida que levamos senão nós mesmos?

25 comentários:

jorginho da hora disse...

Leal, este texto me deixa de alma lavada. Aliás, os religiosos precisam entender que o que a biblia defende na verdade é mais ou menos isso que vc escreveu. Eu precisaria de mais tempo prá te explicar agora, Mas o fato é que as interpretações dos religiosos sobre a biblia nesse sentido é completamente equivocada.

jorginho da hora disse...

Leal, este texto me deixa de alma lavada. Aliás, os religiosos precisam entender que o que a biblia defende na verdade é mais ou menos isso que vc escreveu. Eu precisaria de mais tempo prá te explicar agora, Mas o fato é que as interpretações dos religiosos sobre a biblia nesse sentido é completamente equivocada.

Rafael Medeiros disse...

A bíblia contém o exato oposto do que LEal escreveu man. SOmos Demiurgos cara, somos ñós os criadores, sem essa de sortilégios man. Jorginho, às vezes eu penso que estás numa de se achar acima do HUmano man...

jorginho da hora disse...

Não é nada disso, meu querido cristão confuso. O que eu quiz dizer é que os evangelicos estão completamente equivocados em relação a dependencia total de deus para realizar as coisas. Essa idéia tola não se confirma em lugar nenhum, nem sequer na biblia.

jorginho da hora disse...

Aliás, meu querido, quem está acima do humano é vosmicê, que se acha no direito de errar acima dos limites humanos, pois saiba que o erro não é uma prerrogativa sem limittes.

Enzo de Marco disse...

kakkakakaakakakaaka

Hilton disse...

rsss Discussões como essa dificilmente terminam bem. Não creio que se possa chegar a qulaquer tipo de acordo acerca do real significado de um livro escrito a mais de dois mil anos, com tantas traduções e por uma cultura e sociedade que já não existem mais. No fim, para mim é só uma questão de veneração a um ceto simbolo que aprendemos a respeitar. O que não é nenhum crime...a palavra pai e a palavra filho também são invenções humanas e no entanto me sinto muito feliz em manter esse "hábito" veneravel e seguir satisfeito como pai de minha filha.

Abraços

jorginho da hora disse...

Maravilha!

jorginho da hora disse...

Leal, só para não ficar nehum mau entendido sobre minha posição, Quando eu disse que este é um planeta de adoradores de deuses, não significa que isso seja bom ou ruim, o que quiz dizer é que se alguem quiser nadar contra essa correnteza tem que saber disso. E quando disse que o exercicio religioso na esfera da cupula é politico, o que quiz dizer é que para tentar mudar alguma coisa em relação a religião, é mais facil fazendo isso de uma forma politica.
Acho a religião um meio rasoavel de ensinamentos eticos e que a idéia de não se tornar tão autosuficiente ao ponto de despresar a deus é um otimo conselho, Afinal, as formigas são muito mais autosuficientes que nós e no entanto, podemos esmaga-las facilmente. Acho que este tipo de pensamento é fundamental para nos trazer de volta a realidade da condição humana.

Hilton disse...

è interessante promover esse debate nesse espaço que a principio seria destinado apenas a exposição estética, mas como para mim arte e filosofia não estão separados..vamos lá.

Com relação a tua afirmação de que "na esfera da cupula todo exerciccio religioso é politico, eu estou de acordo, mas estenderia essa afirmação também a religiosidade individual, e explico o porque: 1ºtoda religião e, todo religioso, tem uma certa ideia "absoluta" acerca de como o mundo deve ser, de como os outros devem se comportar, e para mim, qualquer ideia acerca do que o mundo deve se tornar é politica, pois essa ideia pretende abarcar a TODOS e politica, do grego polis (todo) + etica(regra para a ação), quer dizer isso 2° para mim a estrategia poitica proposta pela religião é que não funciona, ou seja, não é que seja ruim, fraca, burra ou ciosa parecida, ela apenas é ineficiente, pois somos uma sociedade pós-moderna e razoavelmente democrata, que rejeita qualquer concepção politica que pretenda IMPOR, aos individuos uma concepção etica, sem consulta-los acerca de suas preferências, inclinações e ETC. Ideias como Deus pretendem mostrar que existe algo ACIMA dos homens, e que eles devem dobrar seus interesses a esse algo, mas qunado se juntam para definir qual é esse algo aí o pau quebra, pois para um a Biblia é a ultima palavra, para o outro o Alcorão, para o outro os Vedas ou alguma outra panaceia que tenta misturar tudo isso e assim impor-se as demais visões de mundo. Essa forma de propor mundanças eticas a partir de visões ABSOLUTAS, é portanto, anti-democratica e contraditória para com as nossas instituições.

Quanto a tua ideia de que a religião pode tornar o homem melhor eu tenho minhas dúvidas pelos seguintes motivos:
1 º Observemos as sociedades teocraticas, como o Islã ou as da idade média, o homem é melhor nesses lugares ou nessa epóca? eu e a maioria dos historiadores estamos inclinados a acreditar que não. 2° Por uma questão tecnica, o que definimos como melhor ou pior em termos de ética já está associado a uma postura moral. ´portanto, qunado vc diz que a religião torna o homem melhor vc diz isso, eu acho, porque você tem uma certa concepção moral que é religiosa, e somente a religião pode realizar o ideal moral da própria relgião, claro. Assim como somente o liberalismo pode realizar o ideal ético para o liberal, o movimento punk pode realizar o ideal ético para o punk e ETC. Ou seja, não é possivel, na minha opnião, assumir uma posição ética sem consequentemente assumir que essa ética esta ligada ao tipo de vida que se gosta de viver, ou que se deseja (ainda que em outro mundo) viver..

Por fim com relação a tua observação sobre as formigas.

1° as formigas não são auto-suficientes, ela dependem umas das outras, da formiga-rainha e do eco-sistema como um todo. 2° O fato delas serem pisadas não tem nada a ver com limitações orgânicas, auto-suficiencia é uma coisa, indestrutibilidade é outra. 3° Não pretendo afirmar que os individúos devem ser auto-sufcientes, pelo contrário, acho isso sim que cada um deve decidir livremente acerca da melhor maneira de satisfazer as suas "carências" fisicas, afetivas e financeiras sentindo-sem mais "fortes" "vitaminados" ou mesmo "eternos". Alguns escolhem Deus para isso, outros o futebol, a arte...ou a filosofia rss.

Abraços meu amigo

Rafael Medeiros disse...

1ºJorginho, n~~ao sabia que tinhas parentesco com as orquideas e as borboletas, no que tange a fragilidade. Prometo que daqui para frente tirarei os sapatos ao me referir a ti. Engraçado e que nunca consegues manter a peleja no campo ideologico, sempre trazes para o pessoal. Eu deduzi que nao te importarias. Mas, mas uma vez constato a veracidade do ditado que reza, "No...dos outros e refresco", mas, continuemos...

2ºEu quis dizer que a biblia e um livro eminentemente fatalista. E que o texto "Inferno" e diametralmente oposto a tal posiçao. Afirmaste que a biblia foi mal compreendida, argumento muito caro aos reformadores inclusive. Quanto ao estar acima do humano, e assim que lido com meus amigos, mas como contigo se faz necessario pisar em ovos, respeitarei.

ps.:desculpem a falta de acentos, o teclado esta com defeito.

Rafael Medeiros disse...

Acho bom lembrar que somos homens adultos que podem alfinetar-se sem que isso nos faça odiarmo-nos uns aos outros. Inclusive esse sacana ai que me chamou de cristao esquizo e um cara muito foda pra quem eu pago o pau de graça, ouviu seu sacana, heheh. E..senhor Enzo, vais ficar ai a assistir o circo arder, ou vais tambem tacar um fosforo aceso?

Rafael Medeiros disse...

Concordo plenamente com cada vírgula de Leal. Nunca achei crime venerar Deus, Ganesha, Coltrane ou a cocaína. Mas continuo achando que a bíblia é um livro eminentemente fatalista.

Forte abraço a TODOS!

jorginho da hora disse...

Não, rafael, não levei para o lado pessoal dessa forma como vc está colocando e dizer que precisa pisar em ovos para discutr qualquer coisa comigo é de uma leviandade atroz. muito pelo contrario, todas as vezes que discutimos foi vc quem se mostrou ostil.
Leal, eu não disse que a religião pode mudar o homem. Até porque eu tenho visto em toda a minha vida exatamente o contrário.

jorginho da hora disse...

Rafael, vc é muito louco, cara! mas tudo bem, paz e amor!

jorginho da hora disse...

lEAL. VOLTEI E ACHEI MELHOR LER SEU TEXTO COM MAIS ATENÇÃO,CARA VC VIAJOU NA MAIONESE. EU DISSE QUE A RELIGIÃO É UMA FONTE RASOAVEL DE ENSINAMENTOS ÉTICOS,ASSIM COMO A MAIORIA DOS LIVROS QUE EU JÁ LÍ NESSE SENTIDO, E NÃO QUE ELA PODE MUDAR O HOMEM BLA,BLA,BLA. e ESSE PAPO DA FORMIGA, VELHO, VC LEVOU PRO LADO TECNICO. EU ESTAVA DIZENDO QUE NÃO DEVEMOS NOS ENPOLGAR TANTO COM ESSE LANCE DE ALTO SUFICIENCIA AO PONTO DE NOS TORNARMOS PREPOTENTES OU INDIVIDUALISTAS. SIM AS FORMIGAS DEPENDEM UMAS DAS OUTRAS. Mas afinal de contas ninguem estava falando de autosuficiencia no sentido de dizer que não precisamos mais de ninguem, ou estava?

Hilton disse...

Caro colega acho que você precisa ler com mais calma um texto antes de ensaiar uma refutação. Eis as suas paalvras: "Acho a religião um meio rasoavel de ensinamentos eticos"

Eis as minhas:

"1ºtoda religião e, todo religioso, tem uma certa ideia "absoluta" acerca de como o mundo deve ser, de como os outros devem se comportar, e para mim, qualquer ideia acerca do que o mundo deve se tornar é politica, pois essa ideia pretende abarcar a TODOS e politica, do grego polis (todo) + etica(regra para a ação), quer dizer isso 2° para mim a estrategia poitica proposta pela religião é que não funciona, ou seja, não é que seja ruim, fraca, burra ou ciosa parecida, ela apenas é ineficiente, pois somos uma sociedade pós-moderna e razoavelmente democrata, que rejeita qualquer concepção politica que pretenda IMPOR, aos individuos uma concepção etica, sem consulta-los acerca de suas preferências, inclinações e ETC. Ideias como Deus pretendem mostrar que existe algo ACIMA dos homens, e que eles devem dobrar seus interesses a esse algo, mas quando se juntam para definir qual é esse algo aí o pau quebra, pois para um a Biblia é a ultima palavra, para o outro o Alcorão, para o outro os Vedas ou alguma outra panaceia que tenta misturar tudo isso e assim impor-se as demais visões de mundo. Essa forma de propor mundanças eticas a partir de visões ABSOLUTAS, é portanto, anti-democratica e contraditória para com as nossas instituições."

Leia com calma, não há em nenhum momento do texto nada acerca de MUDAR O HOMEM.(mas vc não comentou nada acerca das obsevações que fiz sobre a tua ideia de que a politica na religião está só na cupula, conveniente, não?)


Agora, quando eu falo que a opção de tomar a religião com base para principios éticos, como você mesmo diz, pretende tornar o homem melhor Eu refiro-me a tua pretensão de " que a idéia de não se tornar tão autosuficiente ao ponto de despresar a deus é um otimo conselho". Ora, raciocinemos por etapa verificando as conseqüencias de sua afirmção:
1- Não aceitar o conselho de seguir os principios éticos da biblia é mal.(mal aqui pode ser entendido como burro. arrogante, inutil ou qualquer outro critério de valor)
2-aceitar esses conselhos é bom(basta colocar os antonimos dos valores acima citados).
3-mudar de uma escolha ruim para uma boa é bom
4-quem faz isso se torna melhor(melhor pode ser entendido como alguém que tem os valores da primeira linha). QED (quod erat demostradum)

Agora a questão que se coloca e que coloquei é: os homens de qualquer uma das sociedades citadas possui algum desse valores com os quais vc preencheu a primeira linha? hum?


Outro ponto: Se vc utilizou a palavra auto-suficiencia em qualquer sentido diferente daquele que nos autorizza a gramática me desculpe...Não percebi que se tratava de liçenca poetica.

Um abraço

Hilton disse...

E mais uma dúvida...por que, afinal de contas, não é uma boa ideia que nos tornemos, como você diz,prepotentes e individualistas? Acho que tornar-se prepotente e individualista também pode dar bons resultados. A menos que se recorra a uma METAFISICA para afirmar que a satisfação dos INTERESSES do individúo pode ser ruim para ele mesmo,pois estes interesses devem ser submetidos a algo maior que ele. Se não é assim, não consigo entender por que tornar-se individualista é ruim, voce poderia me explicar?

Rafael Medeiros disse...

Acho que o que Jorge quis dizer foi que experiências de conversão místico-religiosas, resultam numa vantagem indiscutível para o indivíduo em termos de expansão vital e enriquecimento espiritual. Mas eu não concordo.

Rafael Medeiros disse...

Acho que em termos de resultados, o apriorismo, e crença em imperativos categóricos têm se mostrado daninhos em todos os níveis.

Abraços.

Rafael Medeiros disse...

A realização pessoal de cada indivíduo se encontra no desejo de cada um em satisfazer seu egoísmo, seja por instinto, sem saber, sem vontade - ou conscientemente, plenamente a par de seus próprios interesses. A única diferença entre os dois egoístas é que o primeiro estará possesso por uma idéia vazia, ou um espanto, na esperança de que sua idéia o torne feliz, já o segundo, pelo contrário, será capaz de escolher livremente os meios de seu egoísmo e perceber-se enquanto fazendo tal.

Somente quando o indivíduo percebe que lei, direito, moralidade, religião, etc., são nada mais que conceitos artificiais e não autoridades sagradas a serem obedecidas é que poderá agir livremente.

Hilton disse...

Essa é uma leitura "Stineriana" da questão...mas cuidado. Só existe o egoismo se existe alguma possibilidade do altruismo.(Como o próprio Stirner reconhece) Assim como o bem só existe se existe o mal. Se o altruismo, a ação "desinteressada" é impossivel, então não existe egoismo também. O que temos são modos Humanos de satisfazer desejos também humanos (ou pessoais. (o que dá no mesmo.)

Abraços.

Rafael Medeiros disse...

Por isso acho "Virtus in Medium Est" nao e de todo desprezivel. Nao num sentido de temperança nos prazeres, como e mais interpretado pelo vulgo, mas no sentido de fugir desse migrar de um extremo a outro, o que parece ter sido a ocupaçao de boa parte dos filosofos no decorrer da historia.

PS.: Desculpe a falta de acentuaçao grafica. O teclado esta com defeito.

Abraços.

Hilton disse...

È pode ser...Mas sobretudo me parece crucial abrir mão da tentativa de procurar um lugar para assumir no meio de um problema que não criamos. Veja, Se nos colocam um problema, nosso primeiro impulso é tentar respondê-lo, mas porque? Há problemas que simplesmente não merecem ser resolvidos porque não são NOSSOS PROBLEMAS (eu incluo nesse rol a existência de Deus) e nesse caso não existe postura a assumir, nem na esquerda,nem na direita ...Nem no budista Virtus in Medium Est.

Abraços.

Rafael Medeiros disse...

Concordo.