quarta-feira, agosto 19, 2009

êxtases

A labareda das horas consumia os granitos. Eu tive o corpo dela se contorcendo em meus braços e hoje é até dificil de acreditar. O momento é fugaz, o prazer nos escapa, mas subimos as escadas do hotel em uma tarde linda de transgressão e poesia onde tudo seguia com naturalidade. Existem pessoas que não acreditam, existem aquelas que só apostam em seus temores retraindo-se ao quarto cinzento para desfrutar da calmaria opaca, recoberta pela poeira dourada de uma velha virtude. Nós não éramos assim.
Dois animais de fogo voando no céu perigoso da entrega sem certezas. Almoçamos com naturalidade. Ela me falou um pouco da marca cega do passado que lançava uma sombra cinza em seu olho de oceano. Eu lhe retribui falando também um pouco do meu trajeto escuro pela sombra e pela luz. Rimos de outras coisas menos sérias. Nossas mãos deslizaram magnétizadas até convergir. A onda louca começou a erguer-se do meu peito como um grito ancestral que bramia na furia de um milhão de ondas. Eu a despi com gestos e lhe beijei os lábios com minha boca sedenta. A luminosidade das nossas sensações irrompeu através da fibra de nossos corpos que vibravam de eletricidade em uma violenta dança na busca da redenção. Tomei os seus seios nos lábios, suas coxas me envolveram os quadris, suas mãos apertaram as minhas e eu vi sua pupila em faiscas enquanto invadíamos as fronteiras da eternidade.
Ela tinha o corpo quente e um jeito sutil de entrega. Ela arfava tão frágil sob minhas penetrações invasoras e no entanto sua força enchia o quarto do extâse das tempestades. Meu suor ao dela se misturou, minha mente rememorava outros mundos onde juntos atravessamos desertos imensos, onde a asa da dor nos atingiu abraçados, onde partilhamos estradas que as palavras não ousam submeter. A musica dos movimentos cresceu elevando-se do fundo silencioso de nosso espírito até a corrente de luz romper-se em gozo...O gozo implosivo das constelações em um eterno momento onde tudo era paz.
Tomamos banho felizes e a tarde findou com o ruido do vento nas folhas das amendoeiras e o burburinho da tarde em direção ao crepúsculo. A distância esgueirou-se por entre as dobras do tempo carregando nos ombros a fuligem das convenções que terminaram por sepultar aquela nossa magia. O granito indiferente digeriu nossa chama e o óbvio consumou-se novamente.
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2 comentários:

Figueredo Dias disse...

É a explosão animal dita em poesia, algo natural capaz de apresentar constelações, o calor da vida pecorrendo os corpos sedentos para a explosão da fúria.

Pedro disse...

O bom é que podemos começar novamente...