segunda-feira, dezembro 13, 2010

Almoxarife do absurdo.

Sentado sob a pedra do agora,
Eu fumo um cigarro de trégua
Enquanto revejo e escrevo.
Enquanto catalogo esquemas, enquanto mapeio
Conflitos,
Os carros passando na rua,
O sorriso de sobrancelhas erguidas,
As mãos unidas no gesto,
E a alma que quer ir para longe.
Quantas vezes já passei por aqui?
Caminho bifurcado numa alameda sem placas.
Ocorre-me que estamos caindo;
Do nada
Em nenhum lugar.
Agarrando-nos desesperados com lábios e dentes
Nas coisas, nos nomes, nos livros e em toda gente.
As unhas nos servem, nossa dor funciona, os golpes,
As frases, os deuses o ódio e a piedade
Artefatos usados nas praças e irmandades
ganchos e foices
Para agarrarmo-nos em outras coisas que caem.
Mas eu apenas me sento para catalogar reações,
Para prever artimanhas e decifrar essas coisas,
Enquanto você me fala de amor.

Nenhum comentário: