quarta-feira, dezembro 15, 2010

MInhas casas nada engraçadas.

Após me separar uma das coisas mais complicadas que encontrei pela frente foi ter que procurar uma casa para alugar. Uma vez que ela, por razões óbvias, não iria dar o passo decisivo para fora da casa própria eu tive que fazer isso, ou permanecer na Geena. Com o salário de fome que eu ganhava logo compreendi que não seria uma tarefa fácil morar com dignidade de aluguel. A primeira casa que aluguei (se é que merecia esse nome) era um fundo de garagem com uma boca de esgoto aberta que supurava bem na minha porta. Apenas uma sala, que funcionava como quarto e cozinha também, e um minúsculo banheiro apertados em um espaço escuro e repleto de baratas. Exagerado? Rs. Estou sendo otimista. Até os pesadelos Lá eram mais horrendos. Fiquei apenas alguns meses, não suportei, comecei a procurar outra coisa. Achei uma casa no subsolo de outra casa. Um pouco melhor. Essa era escura e úmida como uma cripta. Tinha baratas também, mas em menor quantidade. As coisas estavam melhorando aparentemente. Até que era um pouco aconchegante. Dava para ouvir o trepidar dos ônibus que passavam na rua acima de nossas cabeças e o auto-falante da rádio comunitária que tocava música evangélica e Roberto Carlos o dia inteiro.. Ficamos um par de anos nessa cripta. Resolvemos nos mudar para o centro. Queríamos viver com qualidade (Rs). Depois de muita biela encontramos uma Kitnete em um bairro pobre do centro da cidade. Muito Pequena também. Bem menor que a cripta. Quente. Muito, muito quente. O sol castigava por uma janelinha de dois palmos e não havia outra entrada de ar. Era poente e ao meio dia a sensação era de que morávamos em um microondas. Para completar havia uma pequeno antro bem em nossa porta que prezava pela música de bom gosto. Apenas a fina estampa da música popular baiana. Os freqüentadores também eram do mais alto quilate. O apartamento dava para uma série de corredores que nos levavam através de um S até a rua. Parecia-se muito com um Bunker da 2º guerra. Um dos portões dava para uma boca de fumo. O outro para uma avenida conhecida por tiroteios e estupros.
Pressionados por essas características da moradia resolvemos nos mudar novamente. Mais alguns meses batendo perna até achar algo que pudéssemos pagar. Encontramos miraculosamente uma casinha barata, bonita e recém reformada em uma rua tranqüila. Uma reflexo no deserto, um oásis? Nos mudamos. Tudo muito bom. Uma das épocas mais fecundas em produção intelectual para mim. Uma noite, porém, por volta das 3:00 da madrugada ouvimos os vizinhos chorando, gritando e reclamando. Imaginei que era briga de casal e voltei a dormir. Acordei novamente com o barulho do ventilador que caiu. Levei o pé em direção ao chão para me levantar, e qual não foi a minha surpresa AO PERCEBER QUE A CASA ESTAVA INUNDADA DE AGUA. Pulei da cama apavorado. Acordei minha mulher que começou de imediato a gritar também.
Corri para a sala, os móveis boiavam. A televisão, o monitor do P.C tudo boiava placidamente na água barrenta que continuava pressionando a porta da frente. Quando a abri uma nova torrente adentrou o recinto. A rua estava cheia de água. Os vizinhos tentavam desentupir uma boca de lobo. A casa dos meus sonhos era abaixo no nível da rua e a rua era abaixo do nível da rua principal. RS. Nunca havia descido tão baixo. Após o esvaziamento da casa (e da rua) me queixei com a proprietária que alegou não poder pagar os prejuízos. Iria abater parte deles do aluguel. Excelente solução! Isso significava que iríamos ficar presos a uma possível morte por afogamento para reduzir os nossos prejuízos. E depois eu que sou sarcástico.
Começamos a procurar moradia de novo. Andamos muito, muito, muito até enfim acharmos um apartamento que poderíamos alugar. Parecia perfeito. Bem ventilado, bem localizado. Por outro lado eu deveria ter desconfiado de que algo estava errado, mas não notei é claro. Mudamos-nos. No dia do descarrego dos móveis notamos que o proprietário tinha uma irmã louca de pedra. Continuamos sem desconfiar de nada. Um dia ela bateu em nossa porta para pedir dinheiro. Disse que o apartamento era dela e que o irmão não lhe repassava o aluguel. Detesto loucos quase tanto quanto detesto religiosos fanáticos ou até mais. Tive um insight meio bizarro na hora. Pareceu-me que rolava um lance meio incestuoso entre a louca e o irmão. Talvez paranóia minha. Bom, o fato é que isso se repetiu. Bastava perceber que havia alguém em casa que lá vinha ela pedir dinheiro e quando nós não dávamos ela gritava, xingava e ameaçava. Também cortava nossa água. Não conseguimos mais falar com o proprietário. Ele desaparecia nessas horas, e depois também. Em síntese. Desapareceu por completo e não atende o telefone. Sim. Isso aconteceu hoje à noite. Enquanto escrevo agora estou procurando uma casa para me mudar. Algo que seja normal o suficiente par não agregar novas linhas e essas história. Você tem alguma sugestão?

Nenhum comentário: