Ela era muito bonita, sem dúvida uma das garotas mais estupendas que já conheci. Também não era estupida, pelo contrário, lia muito, escrevia alguns textos muito inteligentes e possuia um ar fantastico de quem está desabrochando em metamorfose constante. Todavia, ela era ríspida e seca. estava sedimentada sobre uma base a partir da qual rejeitava a maioria das pessoas. Não recebia bem a conjuntura dos fatos e gritava contra a poeira da convivência. Não sei que espinhos entranharam-se em sua alma e ela vivia uma mentira. Naõ aceitava nada que não fosse o reconhecimento da sua sublimidade outorgada pela dor, pelo brio...por suas virtudes. Ela não sabia fazer concessões. E quando as fazia era por desprezo a si mesma. Arrastava um olhar de desterro ou um falso encanto por coisas a toa, detalhes insignificantes para esquivar-se as comparações. Não comia carne, odiava os U.S.A, desprezava o prazer mediano em que os homens se esqueçem de fardos tão pesados que ela jamais sonharia carregar. Ela interpretava si mesma de uma forma ímpar e com isso negava as vestimentas que o mundo lhe oferecia para vestir. Não sei se sua aptidão artistica, se seu intelecto inquieto era um produto dessa fissura nos gestos ou se era algo mais próprio e regular em seu ser. De quealquer forma era impossivel trocar alguns verbos com ela a menos que se estivesse caido, revoltado ou absolutamente cativo de seus encantos, encantos esses que ela sempre tentou demonstrar que não dava muita importância.
No entanto a despeito de suas pretensões essa garota cresceu e casou-se. Seu marido, um eterno adolescente sem muito senso de responsabilidade viveu toda a vida dos pecúnios paternos. Ela acrescentou aos seus fardos o da velhice. Não viveu os encantos de si mesma, não colheu os frutos de seu corpo durante as suas primaveras, não testou muitas hípóteses, tornou-se seca e rancorosa e murchou sobre os compromissos de um mundo contra o qual tentou mover sua batalha.
3 comentários:
iai velho como sempre fazendo coisas muito boas
como tinha disso antes, já ta na hora de imprimir isso....
ola !
Muito real, muito comum, muito de mim.....
A maioria das mulheres deveriam ler, quem sabe, pra algumas fizesse efeito.
Pra mim , FEZ....
obrigado
Noemi
Isso de colher os frutos do corpo é paradoxo. É fardo feminino q homem algum jamais entenderá. Dar-se é perder-se.
Sobretudo num mundo onde quem quem come o fruto - macho - cospe em seguida o caroço.
A mulher só tem uma saída: ser amada.
Se isto não for possível, não vale de nada a doçura.
Melhor será ser amarga.
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