Aprendi com a experiência a perceber quando a noite deu o que tinha que dar e a desistir de tentar prolongá-la através da madrugada a custa de pileques, cansaço e vexame. Tanto na guerra como na vida é importante saber a hora de recuar e viver um dia de cada vez. Por volta das onze horas da noite de qualquer sábado geralmente já estou tão bêbado quanto Buckowski. E percebo quase sempre que o álcool não compensa isso não me impede de beber no sábado seguinte levado pela velha compulsão de repetir os fracassos na esperança de algum dia ver a alvorada surgir na minha noite escura, entretanto tudo isso é só pendor poético e romantização. Eu não sou tão ébrio quanto gostaria nem tenho esperança alguma de que algo de novo possa mudar o atual rumo das coisas, no final de uma garrafa de vinho isso fica bem evidente. Dou uma olhada em volta e não vendo nenhuma beldade disposta a esquentar a cama de um escritor fracassado que já passa dos trinta me levanto meio cambaleante e lentamente abro caminho através do cardume humano que pulula na praça.
Carros, música, bundas e desespero sorridente zombam de minha trajetória. De repente uma voz familiar grita atrás de mim:
- Onde pensa que vai, seu banto? – Aguço o olhar e vejo vindo em minha direção duas figuras incomuns e conhecidas.
- Eu pensei que você já tivesse sido mandado para as minas de carvão do congo – Respondo-.
Frederico, o poeta Nerudiano, parceiro de outros carnavais e ex-rastafari espalha pelo seu rosto magérrimo (uma espécie de mistura de Gandi com Herman Hesse de pele morena) seu sarcástico riso enquanto seu companheiro Gustavo, um grande companheiro de abismo, me oferece um de seus entusiasmados abraços.
- Seu sacana, por onde tem andado? – Ele pergunta quando termina sua apologia.
- Fugindo dos pedagogos e assassinos – Exclamo olhando para Frederico.
- Você é mesmo um problema, então coloca os pedagogos no mesmo plano dos assassinos?
- Gustavo pergunta
- Não, os assassinos são mais sinceros- respondo.
Gustavo balança sua juba presa por uma tiara enquanto ergue diante de seus olhos de Garfield uma garrafa de vinho quase cheia e sorri. Essa vai ser uma noite difícil.
- Acho que não vou beber mais – Tento salvar o que me resta de bom senso.
- De jeito nenhum – Gustavo sanciona – Hoje é até o dia amanhecer.
- Vamos lá Leon, afinal há quanto tempo os três cavaleiros do apocalipse não se encontram? Afiei minhas esporas e vim para morder o pescoço de qualquer franguinha – Frederico olha para as meninas que passam ajeitando os óculos.
- Acho que já fomos um tanto longe demais numa mesma direção pra conseguirmos qualquer sucesso, nesse campo – Não concorda Gustavo?
- Que nada cara! Basta querer, sabe como é “chegar junto” - O otimismo dele encontra motivos, em sua própria condição, não na nossa.
Eu e Frederico nos embrenhamos pela densa floresta das idéias, da observação, da busca. Ignorando por alguns instantes os profundos complexos que nos levaram até elas e tentando redimir o passado, as dores e decepções com a conquista de certa grandeza no presente, conquista essa, cada vez mais difícil levando-se em consideração os valores que norteiam a vida de nossos contemporâneos. Após alguns instantes a alegria improcedente de Gustavo nos abandona e Frederico exclama:
- Está ficando cada vez pior Leon, as pessoas estão ficando doentes e a minha solidão cada vez pior, é difícil sustentar a existência de auroras quando a noite de faz tão longa.
- Segura a onda cara, se você vacilar agora eles vão pisar na tua garganta. Tenho tentado matar os monstros na medida em que vão aparecendo, não deixando que se reproduzam e aproveitando os momentos doces e lindos dos intervalos .
- E é muito belo quando isso acontece, você já percebeu Leon? Aquele momento em que o pensamento se dilui em sensação? E o tempo abraça suavemente o espaço? A garota do lado, a idéia intensa na cabeça, o caminho diante dos pés....
- Claro Frederico, mas... Estamos um tanto quanto inspirados hoje não? Afinal o que nos trouxe aqui foi outra coisa mais concreta.
- Ah sim, concreta... Quente e úmida também.
Mas não atingimos nossos objetivos pessoais conscientes, quanto aos inconscientes que se pode dizer? A praça aos poucos vai se esvaziando e as garrafas de vinho também. Muitos garotões arrastam suas presas enquanto são eles próprios arrastados pela vida, para a morte de olhos vendados como porcos. Amparados um no outro um poeta e um escritor exibem embriaguez, vômitos e risos já que não puderam exibir seus talentos, mais um dia nasce sobre as coroa sangrenta dos vencedores.
Carros, música, bundas e desespero sorridente zombam de minha trajetória. De repente uma voz familiar grita atrás de mim:
- Onde pensa que vai, seu banto? – Aguço o olhar e vejo vindo em minha direção duas figuras incomuns e conhecidas.
- Eu pensei que você já tivesse sido mandado para as minas de carvão do congo – Respondo-.
Frederico, o poeta Nerudiano, parceiro de outros carnavais e ex-rastafari espalha pelo seu rosto magérrimo (uma espécie de mistura de Gandi com Herman Hesse de pele morena) seu sarcástico riso enquanto seu companheiro Gustavo, um grande companheiro de abismo, me oferece um de seus entusiasmados abraços.
- Seu sacana, por onde tem andado? – Ele pergunta quando termina sua apologia.
- Fugindo dos pedagogos e assassinos – Exclamo olhando para Frederico.
- Você é mesmo um problema, então coloca os pedagogos no mesmo plano dos assassinos?
- Gustavo pergunta
- Não, os assassinos são mais sinceros- respondo.
Gustavo balança sua juba presa por uma tiara enquanto ergue diante de seus olhos de Garfield uma garrafa de vinho quase cheia e sorri. Essa vai ser uma noite difícil.
- Acho que não vou beber mais – Tento salvar o que me resta de bom senso.
- De jeito nenhum – Gustavo sanciona – Hoje é até o dia amanhecer.
- Vamos lá Leon, afinal há quanto tempo os três cavaleiros do apocalipse não se encontram? Afiei minhas esporas e vim para morder o pescoço de qualquer franguinha – Frederico olha para as meninas que passam ajeitando os óculos.
- Acho que já fomos um tanto longe demais numa mesma direção pra conseguirmos qualquer sucesso, nesse campo – Não concorda Gustavo?
- Que nada cara! Basta querer, sabe como é “chegar junto” - O otimismo dele encontra motivos, em sua própria condição, não na nossa.
Eu e Frederico nos embrenhamos pela densa floresta das idéias, da observação, da busca. Ignorando por alguns instantes os profundos complexos que nos levaram até elas e tentando redimir o passado, as dores e decepções com a conquista de certa grandeza no presente, conquista essa, cada vez mais difícil levando-se em consideração os valores que norteiam a vida de nossos contemporâneos. Após alguns instantes a alegria improcedente de Gustavo nos abandona e Frederico exclama:
- Está ficando cada vez pior Leon, as pessoas estão ficando doentes e a minha solidão cada vez pior, é difícil sustentar a existência de auroras quando a noite de faz tão longa.
- Segura a onda cara, se você vacilar agora eles vão pisar na tua garganta. Tenho tentado matar os monstros na medida em que vão aparecendo, não deixando que se reproduzam e aproveitando os momentos doces e lindos dos intervalos .
- E é muito belo quando isso acontece, você já percebeu Leon? Aquele momento em que o pensamento se dilui em sensação? E o tempo abraça suavemente o espaço? A garota do lado, a idéia intensa na cabeça, o caminho diante dos pés....
- Claro Frederico, mas... Estamos um tanto quanto inspirados hoje não? Afinal o que nos trouxe aqui foi outra coisa mais concreta.
- Ah sim, concreta... Quente e úmida também.
Mas não atingimos nossos objetivos pessoais conscientes, quanto aos inconscientes que se pode dizer? A praça aos poucos vai se esvaziando e as garrafas de vinho também. Muitos garotões arrastam suas presas enquanto são eles próprios arrastados pela vida, para a morte de olhos vendados como porcos. Amparados um no outro um poeta e um escritor exibem embriaguez, vômitos e risos já que não puderam exibir seus talentos, mais um dia nasce sobre as coroa sangrenta dos vencedores.
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