segunda-feira, outubro 08, 2007

O Estio e o fardo

Nasci nestas terras numa epoca em que a fartura e a paz eram imensas e que as pessoas alegres e amistosas recebiam seus vizinhos como irmãos. O trigo crescia farto nos campos e nos pastos o gado forte e vicoso tinha muito alimento nas imensas e verdeajntes pradarias. Felizes as crianças brincavam, em seus folguedos e seu riso claro e fresco enchia o ar de uma canção que tambem era de jubilo. As familias eram berços sagrados e os homens eram bravos e nobres e as mulheres humildes e doçes. Desses anos claros retenho uma vaga lembrança que todavia irriga o pensamento desses dias escuros como um veio escondido de agua sob torrido deserto. Não sei exatamente quando tudo começou a mudar .Em um determinado ano tivemos uma farta colheita e como mandavam nossas leis, fizemos sacrificios e entoamos salmos de louvor ao ser por sua bondade e pela fertilidade do chão.Em seguida vieram os dias de seca que sempre se seguiam aos de fartura mais tinhamos armazenado um grande estoque de provisões e com era hábito fizemos jejuns e penitência para que a terra voltasse a reflorir.Porêm o estio prolongou-se como nunca antes tinha acontecido, nem na mais remota das lembranças dos velhos, e seus anos foram tantos que a fé das pessaos nas tradições e nas leis se abalou.
O gado no campo antes tão gordo agora era esqualido e a ração logo acabou,os filhotes começaram a morrer como moscas e suas carcaças emchiam o campo com a asa agourentta dos urubus. Nossas mulheres começaram a clamar em suas altas vozes ao ser, no seu pranto o desespero anunciava traços de blasfemia pois seus filhos começavam a morrer de doenças que vinham no passo da miseria. Deus lhes havia dado as costas, assim pensavam.Os homens tentavam ser praticos e reunir os parcos recursos que lhes sobravam no sentido do melhor uso e economia, até que findassem aqueles dias terriveis. Mais quando seria? também eles lidavam com umas hipotese que era tudo que os deixava a salvo da loucura.E os dias não findavam. . .Somente umas poucas cabeças de gado permaneciam de pé, perfeitos fantasmas da morte que se precipitava sobre os pensamentos de todos.
Os templos ficaram desertos e as mulheres agora histéricas e melancólicas, de olhos tatuados pela insônia perambulavam pelas ruas arrastando atraz de si seus magros filhos em meio a miseria empoeirada, eles eram os únicos que ainda sorriam protegidos na atmosfera suave da infancia. Nos bares os homens sem trabalho e sem comida bebiam aguardente até tombar como cepos dementes chorando e profetizando ou rindo em delirios estupidos. Foi quando decidi que tinhamos que partir.Meus pais haviam morrido de pneumonia e tristeza e minha esposa se matara sem me dar filhos.Nada mais me restara naquelas altitudes e chegando ao meio da praça clamei a todos com essas paLAVRAS:
- terrra pereceu.Também a terra pode morrer. isso é uma coisa que os antigos não nos ensinaram. A terra deles morreu e precisamos buscar novos horizontes. Talvez um outro deus nos acolha, agora é preciso fazer do que nos resta do antigo misterio uma escada e uma estrada ou com ele abrir uma cova ! foi quando da multidão uma mulher gritou:
-Alem do horizonte há feras ! e um outro disse:
-Homens crueis nos virão matar!E uma mulher anlouquecida bradou:-
Deus está nos testando ,haverá de ouvir algum dia!!!
-Tudo isso pode ser, a partir de hoje a duvida andará sempre conosco e se deitará em nossa cama. Mas até quando vamos esperar? nossos tratados e ensinamentos falharam e se falharem novamente? vamos esperar pelo raio fatal como o carvalho fincado na tempestade?. A ÚLTIMA CENTELHA QUE TEMOS DE ESPeRANÇA DEVE ACENDER OUTRA Chama ou perecer tentando,quem vem comigo?
Nem todos me seguiram. Muitas familias preferiram ficar para traz,delas nunca mais tivemos noticias. Atravessamos desertos imensos e encontramos alguns vales ferteis com agua e comida mais não podemos ficar, outros tinham chegado antes e seus deuses negros não foram aceitos por meu povo. Nos tornamos nomâdes. Fizemos da andança um habito e do deserto um inimigo que aprendemos a respeitar. Nos tornamos secos e tristes e nossas festas nunca mais foram felizes como antes do estio. Nosso deus tornou-se a espada e a esperança de dias amenos acabou engolida pelo o medo do dia seguinte.

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