O lance era dos melhores, nunca tinha encontrado alguém como ela. Leitora das coisas mais loucas, desesperada, sacana e de quebra linda. Nosso lance sempre foi meio imprevisível ela aparecia quando queria a gente conversava muito, ria trocava livro fumava uns cigarros a gente vezes se beijava desesperadamente, mas nunca transamos, naquela época eu trabalhava ainda no açougue e me ferrava 9 horas por dia, ela era massagista em uma clinica de estética a noite (pelo menos era o que ela dizia), então a oportunidade não rolava. Bom, a coisa foi fluindo de mansinho e quando dei por mim já tava amarradão na dela, e foi então que me ferrei. Passei a mandar várias cartas (que coisa careta) com poesias amargas ou cheias de tesão, que ela antes adorava, depois de duas ela não respondeu mais.
Fiquei como o náufrago que se demorou em uma ilha, acreditando que sempre ia passar um navio por ali. Só que os dias foram passando e a porra do navio não passava. A ilha antes um paraíso se tornara um deserto. Comecei a ficar angustiado, beber pra caralho, fumar muito. Não procurei mais emprego e ficava em casa ouvindo blues, deixando o cabelo e a barba crescer e o lixo se amontoando pelos cantos.
Um dia sai na rua pra comprar uns cigarros e uma garrafa de vinho e topei com ela conversando animadamente com um carinha uns 15 anos mais novo de cabelo comprido tipo metaleiro e um sorriso boçal no rosto. Merda, eu sabia que ela estava certa. Eu era um velho fodido, bebum, pobre, canalha e maluco. Só algum gênio schopenhauriano da natureza podia justificar minha tristeza, voltei para casa e minha navalha me sorria convidativa. Acho que cheguei a pegá-la e acariciá-la, mas não tinha coragem. Coloquei-a no canto. Sentei na poltrona e fiquei olhando a foto de minha filha dando uns goles no vinho. Eu não tinha nada, só ela, por pouco tempo, verdade. Logo, logo ela também iria voar e então quem sabe você e eu navalha querida possamos conversar.
Fiquei como o náufrago que se demorou em uma ilha, acreditando que sempre ia passar um navio por ali. Só que os dias foram passando e a porra do navio não passava. A ilha antes um paraíso se tornara um deserto. Comecei a ficar angustiado, beber pra caralho, fumar muito. Não procurei mais emprego e ficava em casa ouvindo blues, deixando o cabelo e a barba crescer e o lixo se amontoando pelos cantos.
Um dia sai na rua pra comprar uns cigarros e uma garrafa de vinho e topei com ela conversando animadamente com um carinha uns 15 anos mais novo de cabelo comprido tipo metaleiro e um sorriso boçal no rosto. Merda, eu sabia que ela estava certa. Eu era um velho fodido, bebum, pobre, canalha e maluco. Só algum gênio schopenhauriano da natureza podia justificar minha tristeza, voltei para casa e minha navalha me sorria convidativa. Acho que cheguei a pegá-la e acariciá-la, mas não tinha coragem. Coloquei-a no canto. Sentei na poltrona e fiquei olhando a foto de minha filha dando uns goles no vinho. Eu não tinha nada, só ela, por pouco tempo, verdade. Logo, logo ela também iria voar e então quem sabe você e eu navalha querida possamos conversar.
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