quinta-feira, julho 19, 2007

O nojo

já estava com a dan a vários anos e o lance era legal. tínhamos uma relação franca e sem pretensões. falávamos sobre tudo e raramente haviam motivos para sairmos no tapa. Ela saia com as amigas sempre que queria e só dava um toque para eu não ficar preocupado, nos respeitávamos pra caralho e isso é muito, se considerarmos o que temos que suportar hoje em dia pra não ficar na bronha.
nunca exigi muito dela, ela aliás exigia bem mais de mim. Normal, sou muito torto. Ela se queixava de que eu costumava ficar distante, meio indiferente. Eu até procurava melhorar mas as porradas da vida deixam a gente meio morto por dentro.Um dia a Dan me falou de um cara, um poeta e pintor que ela conheceu no trabalho. ela disse que o cara costumava bater em mulher e que era dependente químico, alem disso tinha Aids.
-Tenho medo até de ficar perto dele- ela disse.
A poesia do cara era tão ruim quanto o caráter dele. Péssima mesmo.Seus versos eram semelhantes a varias diarreias consecutivas.
Um dia a dan chegou mais tarde em casa sem avisar. Ficou até de madrugada na rua enquanto eu revisava uns textos e descansava do trabalho de carregador de lixo.Ela abriu a porta e falou:
-Estava com o poeta.-Aquilo me atingiu como uma bordoada.levantei da cama. acendi um cigarro,olhei a janela...Um gato mordia uma fêmea da espécie para fazer seu trabalho.
-O mesmo espancador de mulher que você detesta? Perguntei.
-Sim, o mesmo. -Ela disse baixando a cabeça com vergonha.
-por quê?
-Ora... Não sei- ele me atrai.
-Merda!!! QUE PORRA É ESSA? Como você pode se sentir atraída por um espancador de mulher?
-não sei juan....Aconteceu.
Pensei em dar-lhe um bofetão ou torcer seu pescoço... Mas foi rápido. na verdade o ciúme não era o motivo maior. eu estava com raiva de mim mesmo, por ter esquecido que ela era só uma mulher. Juntei minhas coisas enquanto ela chorava baixinho. fui até a porta e ainda a ouvi dizer:
- me perdoa....
-A pessoa de quem eu gostava não existe mais... Então não há o que perdoar baby.
de amor? e alguns ainda dizem que é uma questão de Brio...vá se foder!!Eu também pensava assim..acho que ainda penso,por isso doi tanto. É como estar em um delírio kafkiano tentando encontrar a saída...e o velho Buk rindo com a cerva na mão me dizendo "relaxa Baby ,as coisas são assim, esse é o jogo." Sei que ele tem razão, Nelson Rodrigues também.Todavia não consigo assumir essas conclusões....um tamanduá não vira cavalo se não achar formiga pra comer; ele morre.A rua estava animada, entrei na primeira pocilga fedorenta e pedi uma cachaça. Do outro lado do balcão uma mulher com idade para ser minha mãe ficou me flertando, eu não liguei até a quarta dose...aí chamei ela para os fundos do bar onde havia um quarto imundo para encontros...ela tirou a roupa e um cheiro de suor impregnou o quarto. Tirei minha calça e fui por cima devagar, mas na hora de ir fundo... meu peito explodiu em soluços, eu comecei a chorar.

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