NA boca do infinito eu costurei um verso
Escondi uma chave , uma ponte, um porto
E meditei nos teus lábios feridos por uma palavra
Assombrada.
Meu amor era um passáro e seu corpo um vale
Uma clareira de luz e um silêncio encantado
Fundamento para o começo e posição central do amanhã
Onde a poeira dos gestos seria esmagada.
Mas haviam espaços e hiatos entre as casas
Entre o jantar dos seus pais
E meu repouso devastado na fome
Entre o mar e o golpe de sal
A minha substância confusa de soldado
Torturado
De beija flor mutilado e filho da voz
Sem o canto
Coisa sem nexo e olho perplexo que não ousa
Indicar
Uma força furiosa que segue, que fica e que mata
E cuja pureza separada do encontro da vida
Aguarda o desfecho e a sentença final para coroar
Sua vingança.
Mulher!
Você não pode tocar meus caminhos
Minhas horas perdidas de meditação sobre o nada
Minha confusa preocupação com meu nirvana
Minha dolorosa insatisfação com existir
Minha alucinada e juvenil forma de amar.
Os laços que marcaram sua carne para a vida partilhada
A tentativa de redimir-se daqueles olhares no jantar
E cancro da contradição que não posso compreender
Trincheiras nossas para compor o nosso mito
Para talvez, quem sabe, nos tocarmos sem imagens
E definharmos ambos aceitando a solidão.
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