Cada vida humana é um novo desfile de arranjos e de tentativas. Cada nova respiração é um novo movimento de adaptação, dor e êxito. Novos choques do acaso no interior de conjunturas cuja soma aritmética, com certeza, não apresentaria nenhuma novidade. Todavia, a sequência cronológica dos fatos, a ordem psicológica da sua importância e toda uma miríade de eventos assegura-nos essa pluralidade cósmica de indoles e inclinações dos indivíduos que nos cercam. Ainda assim cabe perguntar: Existe mesmo alguma novidade sob o sol? O poeta e o filósofo. A adepto da mutação e da novidade e aquele que afirma a realidade dos fenômenos subjacentes. É nossa vida um jogo em um tabuleiro cujas regras nos fora dadas desde sempre ou um passeio ingênuo e sem consequências de breve duração? A paixão e o amor. A arte e a filosofia. O corpo, a ferida dos dias e seu peso adquirido. O desejo, sempre renovado inflamando o coração e contrariando as injunções da lei, da regra e do tempo. Meu pensamento louco se desarticula e eu vejo rostos, sorrisos,gestos de despedida, ondas que se chocam e tudo veio de um berço e tudo vai para um túmulo. A língua que nos é dada, os propósitos que defendemos a cor de nossas pupilas. Mas e porque exatamente estas pupilas e não outras? E como exatamente esse porque, existindo, engendra os fatos concretos que citei anteriormente? Não aceito uma alegação incompleta para refutar o que se encontra diante de meus olhos. Prefiro a constatável fragilidade de nossa permanência que uma transcedência fundada em fumaça. Mas o espanto permanece. E talvez não seja um espanto, mas apenas um grito de dor. Um eco de minha juventude faminta. Um brado de esperança por dias melhores ou um girassol em meu peito querendo desabrochar.
Um comentário:
Eviscerou-se nesse aí hein cara? O Sartre tem me tranquilizado um pouco. Mas o espanto...persiste. Ou um grito...
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